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Zuca, loba-marinha que está no CEM-UFPR,  encontrada em Pontal do Paraná ano passado: ela não pode ser devolvida ao mar por estar cega | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Zuca, loba-marinha que está no CEM-UFPR, encontrada em Pontal do Paraná ano passado: ela não pode ser devolvida ao mar por estar cega| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Comportamento

Peraltices no Centro de Estudo do Mar em Pontal

Os lobos-marinhos também têm seus momentos de molecagem. A oceanógrafa Daniele Vigário, pesquisadora voluntária do Projeto de Reabilitação e Estudos de Aves, Mamíferos e Répteis Associados a Ambientes Marinhos (Proamar) do CEM-UFPR, conta que durante a recuperação, antes de serem devolvidos ao mar, alguns desses mamíferos aprontam travessuras. "Certa vez, um deles, também cego como a Zuca, chegou a escalar a grade de proteção e a andar em cima dela, como se estivesse em uma corda bamba", relata a pesquisadora.

Zuca também escapa das grades e anda pelo CEM-UFPR. Mas, com o calor, fica escondida a maior parte do dia para se proteger do sol. Porém ela não dispensa um banho de piscina ou de mangueira. "No inverno ela costuma sair, mas no verão ela só sai com algum incentivo", explica o estudante de Oceanografia Ronaldo Alves dos Santos, que ajuda no tratamento de Zuca. Para as fotos desta reportagem, o estudante só conseguiu tirar a loba marinha do esconderijo após oferecer a ela muitas sardinhas. (RB)

Animais mantidos com a ajuda de voluntários

Para funcionar, o Proamar conta com a assistência de diversos profissionais e alunos de graduação da UFPR. A universidade sede o espaço no Centro de Estudos do Mar, enquanto os medicamentos e a alimentação ficam por conta da ação voluntária dos próprios pesquisadores e alunos.

Só com a alimentação da loba-marinha Zuca, Daniele gasta R$ 70 por mês. Já os medicamentos são todos doados. "As sardinhas que damos para ela compramos de locais de onde sabemos a procedência. Acei­tamos doações dos pescadores somente quando também sabemos de onde vem o alimento e se está em bom estado de consumo", esclarece.

Os alunos se esforçam para manter os animais, como o estudante de Oceanografia Ronaldo Alves dos Santos. "A gente se vira como pode. Os medicamentos e alimentos também são doados por outros centros de tratamento do país ou fica por conta dos alunos da graduação", relata.

Apesar do espaço cedido pela UFPR, parte da estrutura, como a piscina dos lobos-marinhos e as instalações de outros bichos, foram construídas por voluntários do Proamar. "Faltam médicos veterinários para tratar dos animais. Nós sabemos proceder em alguns casos, mas em outros, quando o bicho está muito ferido, não sabemos o que fazer", diz Santos. (RB)

Além dos turistas que descem a Serra do Mar, os balneários paranaenses costumam receber outros visitantes: animais marinhos exóticos à nossa fauna. E uma das espécies que mais costuma dar as caras por nossas praias é o lobo-marinho. Desde 1987 foram registrados 87 lobos-marinhos nas praias paranaenses, uma média de quase quatro animais por ano. Eles chegam principalmente no inverno, quando saem do Uruguai em busca de águas mais quentes e acabam sendo trazidos por correntes marítimas à orla brasileira.

Entre os lobos-marinhos encontrados aqui está a fêmea apelidada de Zuca pelos pesquisadores do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (CEM-UFPR), em Pontal do Paraná. Desde agosto do ano passado, quando foi encontrada em Pontal do Paraná, a loba-marinha está em tratamento no centro.

Como foi encontrada cega, ela não tem condições de ser devolvida ao mar. Portanto, os pesquisadores aguardam a recuperação completa de Zuca – que, ao ser encontrada, estava muito magra, mas já ganhou 6 quilos desde que chegou ao CEM-UFPR –, para transferi-la ao Instituto de Mamíferos Aquáticos, na Bahia.

Segundo a oceanógrafa Daniele Vigário, voluntária do Projeto de Reabilitação e Estudos de Aves, Mamíferos e Répteis Associados a Ambientes Marinhos (Proamar) do CEM-UFPR, boa parte dos lobos-marinhos que chega ao Paraná recebe um brinco de identificação na pele antes de serem devolvidos ao mar. Isso permite que os animais sejam rastreados.

Em 2010, um animal marcado pelos pesquisadores do Proamar três anos antes foi encontrado em uma praia uruguaia, onde há uma colônia desses animais. "Apesar de ele ter sido encontrado morto no Uruguai, pudemos saber quanto tempo ele viveu depois de sair daqui e por onde passou".

Daniele explica que essas informações são importantes para saber se o animal voltou à colônia de origem. "Se alguém em Santa Catarina encontrar um lobo-marinho que foi solto aqui no Paraná, sabemos que eles está no caminho de volta".

Maus-tratos

Suspeita-se que a cegueira da loba-marinha Zuca seja resultado do contato com o ser humano. Daniele explica que muitas vezes as pessoas acabam mexendo com o animal na praia, o que não é recomendado, já que isso pode causar ferimentos tanto para o bicho, quanto para quem estiver em volta. Além disso, aponta Daniele, muitas pessoas chegam a agredir os lobos-marinhos, já que o bicho assusta pelo porte – um macho chega a pesar 200 quilos e a medir 2 metros. "Esses animais são selvagens e reagem para se defender", enfatiza a pesquisadora.

Para quem encontrar um animal marinho na praia, a orientação é para entrar em contato imediatamente para que a Polícia Ambiental o recolha e dê um destino certo ao bicho pelo telefone é o 0800-643-0304.

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