"Paranaense é fechado, né!", comenta Caetana de Almeida, 73 anos, há 25 síndica de um dos condomínios mais famosos de Curitiba, o Edifício Tijucas, na Boca Maldita. Mesmo assim, assegura a mineira, ela conhece um a um os 302 moradores dos 162 apartamentos do prédio usados para moradia. Os outros 417 conjuntos são comerciais. "Até as moscas sabem quem eu sou", admite aquela que se tornou uma espécie de símbolo de boa vizinhança em todo o Centro.
A fúria imobiliária das grandes cidades, contudo, mexe com a rotina até do aparentemente inabalável Tijucas. Como o salão de festas foi vendido, resta como espaço de encontro para os condôminos o elevador, corredores, a Galeria Tijucas e, com sorte, algum acontecimento extra na Boca quando os moradores se encontram e falam pelos cotovelos. No dia-a-dia, pequenos grupos de afinidade se ajudam como podem. O de Caetana inclui o cover de Roberto Carlos o Chacon, celebridade local, sua filha Débora e a amiga Maria Helena Pires.
Em caso de viagem, as chaves das portas são trocadas, sem cerimônia. "Tem um pega-pra-capar de vez em quando, claro", avisa a síndica, sobre o prédio que balança, mas não cai. (JCF)
