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Funcionários ameaçados por ladrões relatam histórias de medo

Medo, angústia e preocupação. É o que dizem sentir, todos os dias, os funcionários de postos de combustíveis quando estão em horário de trabalho. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência do Paraná (Sindicombustíveis), atualmente, cerca de 22 mil pessoas trabalham em postos em todo o Paraná.

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As câmeras de vigilância, item de segurança quase que obrigatório nos postos de combustíveis, já não assustam mais os bandidos. Prova disso é que o número de assaltos a postos registrados nos sete primeiros meses do ano, em Curitiba, supera o total de 2006. Segundo a Delegacia de Furtos e Roubos, foram 27 ocorrências até ontem, contra 22 em todo o ano passado.

Com o crescimento da violência, os estabelecimentos estão fechando as portas cada vez mais cedo. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência do Paraná (Sindicombustíveis), dos 460 postos existentes em Curitiba, 50% não trabalham além das 22 horas, período em que, segundo os proprietários, as vendas aumentam nas lojas de conveniência. O problema é que a incidência de roubos também.

Segundo o presidente do Sindicombustíveis, Roberto Fregonese, os assaltos estão cada vez mais violentos. Ele relembra casos como o da funcionária Patrícia Cabral, 22 anos, grávida, baleada no abdome durante a ação de assaltantes em um posto no Centro da capital, no dia 14 de maio deste ano. "E no mesmo dia em que a moça foi baleada, oito horas depois, o empresário Romes João Ayub (67 anos), proprietário de um posto em Rio Branco do Sul, na região metropolitana de Curitiba, foi assassinado. É aterrorizante", conta. Ayub morreu depois ser baleado na porta de um banco, quando transportava um malote com dinheiro do posto.

Para se proteger, alguns revendedores investem no reforço da segurança ou vão além: simplesmente não abrem mais 24 horas por dia. É o caso de Adão Cordeiro Suprano, dono de um posto no bairro Cristo Rei. Há cinco anos no ramo, Suprano conta que o aumento no número de assaltos foi tão grande que ele não teve alternativa. "Decidi fechar as portas mais cedo para evitar os roubos. Só neste ano, o nosso estabelecimento foi assaltado cinco vezes, mesmo à luz do dia. Evitei prejuízo por um lado, mas perdi por outro, já que deixei de vender os produtos oferecidos pelo posto na madrugada", diz. "Gasto com a segurança do posto cerca de R$ 800 por mês", complementa.

O empresário Arthur Nunes Filho tem cinco postos que fecham às 22 horas. "A situação chegou a um nível em que não temos outra opção. Além dos postos funcionarem só até as 22 horas para a própria segurança dos funcionários, ainda tenho gastos com seguranças, câmeras e carro-forte. Em média são R$ 2 mil por mês com cada posto."

Para o presidente do Sindicombustíveis, a situação é aterrorizante. Ele conta que os empresários estão abrindo mão do lucro em favor da vida. "É lamentável que seja preciso fechar um estabelecimento mais cedo por causa do aumento da violência. É praticamente um toque de recolher dado pelos bandidos", afirma.

Valmor Oss Emer teve o estabelecimento assaltado no início de julho. Dois rapazes armados entraram na loja de conveniência, renderam os funcionários e limparam o caixa. Mesmo sendo flagrados pelo circuito interno de segurança, ambos não se intimidaram. "Eles sabiam que estavam sendo filmados, mas não se importaram. Meu posto já chegou a ser assaltado seis vezes num espaço de 15 dias", conta. Mesmo assim, ele insiste: "O posto vai continuar funcionando 24 horas."

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