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Compasso de espera

Visão turva e esperança nítida

A empregada doméstica Rosângela Maria de Araújo Almeida, 36 anos, enxerga apenas vultos com o olho direito há quatro anos. Demorou dois anos até ser incluída na fila para receber uma córnea. "Antes eu já precisava de transplantes", conta, alegando que só conseguiu tratamento adequado depois que passou a ser atendida no núcleo de oftalmologia do HC. Ela se sente presa em Almirante Tamandaré, onde mora com o marido e duas filhas, porque tem medo de viajar e ser chamada.

Vilmara de Castro, 25 anos, recebeu córneas duas vezes no dia 17 de abril. Mas a distância entre as duas cirurgias foi de três anos. Depois de ser operada pelo SUS, em 2003, foi automaticamente reinserida na fila e tinha esperança que demorasse pouco – como da vez anterior, oito meses – para se ver livre da doença, já que não tinha como arcar com os R$ 8mil da operação na rede particular.

O produtor musical Roger Vivekananda, 32 anos, é paciente na rede particular e espera transplante há um ano e dois meses. Na primeira vez que entrou na fila, para fazer a cirurgia no outro olho, ficou apenas quatro meses na espera. Não foram poucas as vezes que o produtor musical entrou no ônibus errado. É que a falta de nitidez nas imagens é o principal inconveniente para os pacientes. "A sensação é a mesma de mergulhar numa piscina e tentar enxergar", conta. A locomoção passa a ser um transtorno e ele reclama de não poder dirigir. "Não tenho noção de distância, tropeço em casa, derrubo copos", explica.

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