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Maníaco da Fossa

Zelador diz que matou alunas por ciúme e raiva

Assassino confesso de duas estudantes diz que “ouvia vozes”. Ossadas foram achadas enterradas em escola de Campo Mourão

Preso, Raimundo Gregório da Silva disse nunca ter recebido carinho dos pais: “Sempre fui rejeitado” | Dirceu Portugal/Gazeta do Povo
Preso, Raimundo Gregório da Silva disse nunca ter recebido carinho dos pais: “Sempre fui rejeitado” (Foto: Dirceu Portugal/Gazeta do Povo)
Entenda como é o processo do exame de DNA |

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Entenda como é o processo do exame de DNA

O zelador Raimundo Gregório da Silva, 52 anos, assassino confesso de duas estudantes em Campo Mourão, no Centro-Oeste do Para­­ná, relatou ontem com frieza os motivos que o levaram a cometer os crimes. Parte das ossadas das ví­­timas – Dimetria Laura Vieira, 17 anos, que estava desaparecida havia dois anos, e Iara Pacheco de Olivei­­ra, 21 anos, sumida havia sete meses – foi encontrada em uma fossa na Escola Estadual Vinicius de Mo­­raes, onde ele trabalhava e morava. Exames de DNA vão confirmar se os ossos são mesmo das vítimas.Silva alegou ciúmes para justificar a morte da adolescente. "Foi uma bobeira. Ela conheceu um rapaz, queria ir morar com ele, mas fiquei com ciúmes. Dei um copo de refrigerante com sonífero e fiquei com medo que assim que ela acordasse, ficasse brava comigo. Dei apenas uma marretada na cabeça dela, enterrei o corpo e, após um ano, tirei, queimei e joguei os ossos na fossa", contou.

Pai de seis filhos, o zelador contou que conheceu a adolescente por meio de uma tia de Dimetria, com quem teve um relacionamento amoroso de três meses e um filho, que hoje tem 2 anos. O zelador disse ainda que guardou roupas de Dimetria como recordação. "Dela, só queria a amizade. Sinto muita falta dela. Estou arrependido do que fiz."

De acordo com a avó da vítima, Marieta Ferreira Vieira, 57 anos, o zelador presenteava a neta com roupas, sapatos, ursinhos de pelúcia e flores, além de buscá-la todos os dias no colégio. "Mesmo com a minha proibição, ele não largava dela". A avó contou que os pais da adolescente são usuários de drogas e a neta constantemente era agredida. "Ela veio morar comigo, pois não suportava mais apanhar do pai."

No caso de Iara, o zelador contou que, antes de ser morta, ela teria pedido dinheiro para comprar crack. "Tivemos relações sexuais, dei dinheiro, mas ela queria mais. Ficou nervosa e começou a pegar minhas coisas de dentro de casa. Joguei uma moeda no chão. Quando ela se abaixou dei uma marretada. Ela ficou tonta, dei outras duas. Enterrei o corpo e, após 45 dias, tirei da ‘horta’ e queimei. Os ossos foram jogados na fossa", confessou.

Silva disse que "ouvia vozes" e por isso não contou antes sobre os crimes. "Uma voz falava para não contar. Na [última] quinta-feira, o diretor achou que eu estava estranho e disse que caso tivesse feito algo de errado era para contar para a polícia. Aí contei tudo a ele." Tentando justificar os crimes, o zelador disse nunca ter recebido carinho dos pais. "Sempre fui rejeitado. Estou arrependido e peço perdão às famílias da Iara e da Dimetria."

Novas descobertas

No celular do zelador, policiais encontraram fotografias de duas professoras da escola. Algumas fotos mostravam os seios e as costas de uma delas. As imagens fo­­ram feitas sem o consentimento das professoras. "A primeira eu sentia atração por ela. A ou­­tra fiz as fotos por fazer", disse Silva.

"Ivan", como o zelador era conhecido, trabalhou na escola por 18 anos. Ele cuidava dos alunos no recreio e vigiava os portões na saída. "Nunca percebi nada de anormal com ele. A única atitude estranha é que ele não gostava que passasse próximo da casa dele, não sei o motivo, mas o deixava irritado", contou a auxiliar de serviços gerais Maria de Lurdes da Silva, 60 anos, que há 22 anos trabalha na escola. Em 2000, o zelador foi candidato a vereador pelo PSB, tendo recebido 11 votos.

Para o chefe do Núcleo Regional de Educação, João Luiz Conrado, o envolvimento do zelador nos crimes foi uma surpresa. "Ele era uma pessoa prestativa. Por algumas vezes foi em minha casa fazer serviços de instalação elétrica e encanamentos", lembrou.

Por causa das escavações no pátio da escola, as aulas foram suspensas por tempo indeterminado. "Ainda não há uma data para o retorno das aulas. Quanto ao diretor [Cláudio Pereira], será aberto um processo administrativo para investigar o seu grau de conhecimento em relação ao zelador", disse Conrado. Na manhã de sábado, o diretor foi preso por porte ilegal de arma, mas pagou fiança e foi liberado.

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