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Manifestante passa por veículo destruído em uma das ruas que levam à embaixada dos EUA no Cairo, Egito | Reuters/Amr Abdallah Dalsh
Manifestante passa por veículo destruído em uma das ruas que levam à embaixada dos EUA no Cairo, Egito| Foto: Reuters/Amr Abdallah Dalsh

Método não é nem cogitado no Brasil

Separar os animais em grupos de gênero é uma das soluções encontradas pelos zoológico brasileiros

No Brasil a eutanásia em animais para fins de controle populacional nos zoológicos não é nem cogitada. Aqui, optou-se por diferentes métodos contraceptivos, como a vasectomia em machos e a esterilização de fêmeas, sendo a vasectomia o procedimento mais utilizado. Há ainda a separação dos gêneros.

O zootecnista Luiz Pires, presidente da Sociedade de Zoológicos do Brasil (SZB) e diretor do Zoológico de Bauru (SP), explica que existem várias correntes que defendem a eutanásia e os métodos contraceptivos no mundo. "Claro que a primeira é a mais polêmica. Ela acontece com animais mais velhos, com filhotes, e com aqueles animais que atingiram a idade em que, se estivessem em seu habitat natural, se separariam da família."

Plano de controle

Aqui, de acordo com Pires, para animais como leões e tigres, por exemplo, só é permitida a procriação se o zoológico tiver um plano de controle que tenha sido apresentado ao Ibama. Nos Estados Unidos há casos em que os animais recebem algum tipo de medicação, como os hormônios, mas o zootecnista diz que essa é uma solução momentânea e que não é usada no Brasil, porque não há acesso a esse tipo de droga. "Nós já fizemos alguns experimentos, mas só isso", explica.

Outro método bastante utilizado no Brasil é o de separar machos de fêmeas e reuni-los em grupos de gênero. "Nós separamos os lobos na época do cio – as fêmeas só entram no cio uma vez ao ano – e foi a forma encontrada para controlar a natalidade nessa espécie", diz o zootecnista.

Nos zoológicos de Curitiba (no Alto Boqueirão e no Passeio Público), as aves têm seus ovos retirados dos ninhos logo depois da postura – ou um ovo artificial é colocado no local em substituição. Já os machos e fêmeas de mamíferos são separados uns dos outros. "Para lugares com espaço, essa técnica com os mamíferos é a mais simples", explica Maria Lúcia Faria Gomes, bióloga e gerente técnica do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba.

Angélica Favretto, especial para a Gazeta do Povo

Tratadores de zoológicos no mundo inteiro, sofrendo com limites de capacidade e pressão para manter coleções diversas e vibrantes de espécies ameaçadas, estão muitas vezes tendo de escolher entre dois métodos polêmicos: controle de fertilidade e eutanásia.

Nos Estados Unidos, a escolha é pela contracepção. Chimpanzés tomam pílulas anticoncepcionais humanas, girafas recebem hormônios na sua alimentação, e ursos cinzentos têm aparelhos que liberam hormônios lentamente implantados em suas pernas.

Cheryl Asa, que dirige o Centro de Contracepção da Vida Selvagem da Associação de Zoológicos e Aquários do Zoológico de St. Louis, disse que a eutanásia não é uma opção confortável para os zoológicos de lá. "Eu não consigo me imaginar fazendo algo assim e não consigo imaginar a nossa cultura aceitando isso", ela disse. Asa vê a contracepção como sendo uma melhor abordagem.

Na Europa, porém, alguns tratadores de zoológicos preferem eutanasiar filhotes des­­necessários após eles se desenvolverem do que negar aos pais animais a experiência de procriarem e cuidarem de seus filhotes. "Nós preferimos que eles tenham um comportamento o mais natural possível", disse Bengt Holst, diretor de conservação no Zoológico de Copenhague, na Dinamarca. "Nós já os privamos de seus comportamentos predatórios e anti-predatórios. Se os privarmos do comportamento de reprodução, não vai sobrar muita coisa."

Ele e muitos de suas contrapartes europeias em geral permitem que os animais criem seus filhos até uma idade em que eles naturalmente se separariam dos pais.

Condenados

Nesta primavera, o zoológico de Copenhague abateu, por injeção letal, dois filhotes de leopardo, de cerca de 2 anos de idade, cujos genes já tinham um excesso de representatividade na população coletiva do zoológico. Os leopardos são considerados pela União Internacional para a Conservação da Natureza como uma espécie quase ameaçada. Mas, como parte do plano de procriação para manter a diversidade genética dessa espécie, o destino dos filhotes estava determinado antes de nascerem.

Segundo Holst, o zoológico eutanasia cerca de 20 a 30 animais exóticos saudáveis por ano – de gazelas a hipopótamos. O processo mental por trás dessa estratégia imita o que ocorreria na natureza, onde 80% dos filhotes de felinos morrem vítimas de predadores, de fome ou de ferimentos.

Contraceptivos causam efeitos colaterais

Os zoológicos dos EUA começaram a desenvolver métodos contraceptivos para animais de alta fertilidade, como leões, na década de 1970, após inovações nos anticoncepcionais humanos. O uso de contraceptivos, então, se expandiu, conforme foi se tornando difícil para os zoológicos vender ou doar animais que não poderiam mais ser acomodados.

O significado desse tipo de planejamento familiar foi que já não era mais necessário manter machos e fêmeas separados para evitar gestações indesejadas, e isso foi ideal para a transição para ambientes zoológicos mais naturais.

Desvantagens

Porém, a ciência contraceptiva para a maioria dos animais exóticos não é tão avançada quanto para os grandes símios, que são mais próximos dos humanos, afirma Cheryl Asa, do Centro de Contracepção da Vida Selvagem da Associação de Zoológicos e Aquários do Zoológico de St. Louis. Efeitos colaterais podem ocorrer e, de fato, ocorrem. Grandes felinos e caninos que receberam os primeiros implantes hormonais, por exemplo, se tornaram suscetíveis a tumores e a infecções uterinas.

Os zoológicos europeus que preferem a eutanásia falam dos riscos de saúde dos contraceptivos, bem como da riqueza da experiência de criação dos filhotes – mas abater um animal às vezes pode ser polêmico.

Regulamentação

A Alemanha permite a eutanásia somente em circunstâncias "razoáveis", que podem ser difíceis de se definir, segundo Lesley Dickie, diretora executiva da Associação Europeia de Zoológicos e Aquários.

Alguns anos atrás, no Zoológico de Magdeburg, no Norte da Alemanha, descobriram que um tigre macho era um híbrido de duas subespécies de tigres, o que fez com que os filhotes que haviam sido gerados fossem geneticamente inúteis. Quando os três filhotes nasceram, o zoológico eutanasiou os três imediatamente.

Tradução: Adriano Scandolara

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