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Um forasteiro que abrisse um jornal de Curitiba em 1997 e voltasse a fazer o mesmo há apenas duas semanas talvez pensasse que a cidade parou no tempo se procurasse notícias da Câmara Municipal. Por 15 anos, o presidente da Casa foi João Cláudio Derosso (PSDB). O longo ciclo de uma década e meia de poder só foi interrompido na última segunda-feira, quando ele renunciou ao cargo. Se nesse período o Legislativo não mudou, quase tudo o mais se alterou. Quinze anos é tempo suficiente para ver uma criança ingressar no ensino fundamental, concluir o ensino médio e prestar vestibular. As necessidades e discussões de uma cidade também se transformam. Em 1997, Curitiba e municípios metropolitanos somavam 2,2 milhões de habitantes – sendo 1,4 milhão na capital. Em 2010, a região já tem mais de 3 milhões e a capital, isoladamente, representa quase 1,7 milhão. Assim como o número de pessoas, o da frota da capital se multiplicou: de 619 mil em 1997 para 1,25 milhão. Veja outras mudanças da cidade no período:

As voltas que a política dá

Derosso, em 2003, quando já tinha seis anos no comando da Câmara. Derosso atualmente, com cabelos e barbas mais grisalhos

Em 1997, Cassio Taniguchi, na época filiado ao PDT, começava sua gestão como prefeito de Curitiba, tendo Algaci Túlio como vice. A Câmara, naquela ocasião, elegia o vereador João Cláudio Derosso como presidente pela primeira vez, com apoio da base do prefeito. À época, Beto Richa era apenas deputado estadual. Em 2000, Taniguchi foi reeleito para administrar Curitiba e Richa assumiu o posto de vice-prefeito. A partir daí, a carreira do filho de José Richa engrenou: eleito prefeito da capital por duas vezes (2004 e 2008) e, em seguida, governador do estado (2010). Nesse período, Derosso disputou oito eleições para a presidência da Câmara e venceu todas. Por vezes, nem chegou a ter um adversário à altura – em 2009, concorreu com Professor Galdino, então no PV, que recebeu apenas um voto, o dele mesmo. Dos 38 vereadores, 36 foram favoráveis a Derosso. O curioso é que, 15 anos depois, um dos mais ferrenhos adversários do tucano para tirá-lo da presidência da Câmara foi o ex-vice e ex-aliado Algaci Túlio, hoje vereador de oposição.

Do penta à segundona

Em 1997, Ricardinho era estrela de um Paraná que se sagraria pentacampeão. Hoje, Ricardinho é o técnico de um Paraná que disputará a segundona do estadual

Há 15 anos, o Paraná Clube começou o ano como a equipe mais badalada do futebol estadual. Vindo de quatro títulos seguidos do Campeonato Paranaense, o Tricolor contava com ídolos como Ricardinho (hoje treinador da equipe). O Tricolor, em 1997, fez valer sua superioridade, sagrando-se pentacampeão estadual. Naquele mesmo ano, o Paraná ficou em 13º no Campeonato Brasileiro, contando com a companhia de Atlético e Coritiba no principal campeonato do país. Atualmente, o Tricolor está na Série B do Campeonato Brasileiro e, rebaixado no Estadual de 2011, começará a disputar a segundona estadual apenas em maio. Por outro lado, o Coritiba é o atual bicampeão paranaense e o único representante paranaense no Campeonato Brasileiro da Série A – o Atlético foi rebaixado no ano passado.

Mais trânsito e ônibus

A viagem de ida e volta das praias era de graça, mas cheia de buracos. Agora, o motorista que segue rumo ao Litoral paga pedário, mas a estrada é boa

Quando Derosso assumiu a presidência da Câmara, algumas cidades metropolitanas comemoravam um ano de integração com o transporte público de Curitiba, na chamada Rede Integrada de Transporte (RIT). A tarifa da época era mais barata que a dominical de hoje: iniciou 1997 em R$ 0,65, mas houve aumento para R$ 0,75 em outubro. A cidade contava então com "apenas" 619 mil veículos e os congestionamentos eram bem menos frequentes. Viajar para a praia era de graça – em compensação a BR-277 era esburacada. Quinze anos mais tarde a rodovia está privatizada e, se o pedágio é caro, ao menos a estrada é bem conservada. A frota de veículos de Curitiba dobrou e os engarrafamentos se intensificaram. Mas a cidade ganhou três novos eixos de transporte coletivo: Circular Sul, Leste-Oeste e a Linha Verde. O eixo Boqueirão foi modernizado. Quanto ao metrô, ele já era uma promessa em 1997...

Com bancos e sem celular

O Banestado, há 15 anos, ainda era um banco público. O Itaú comprou o banco do estado em 2000, por R$ 1,6 bilhão

No início de 1997, o estado ainda tinha bancos genuinamente paranaenses. O Bamerindus – famoso pelo bordão de sua poupança (O tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus continua numa boa), deixou de existir justamente naquele ano. Depois de sofrer intervenção do Banco Central, foi vendido para o HSBC. O Banestado, banco do governo paranaense, foi privatizado em 2000. Quem o adquiriu, por R$ 1,6 bilhão, foi o Itaú. Quando Derosso assumiu a presidência da Câmara, a onda de privatizações também não havia atingido a telefonia – e um simples celular e a internet estavam longe da maioria das pessoas. Os lançamentos mais recentes de videogame eram o Nintendo 64 e o Playstation. Na telinha, a novela de sucesso no horário nobre das 8 era A Indomada e o vencedor do Oscar de melhor filme de 1997 foi O Paciente Inglês. O blockbuster Titanic só viria a se consagrar um ano depois.

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