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Atualizada na quinta feira, dia 31 de agosto, às 20h36

Um levantamento preliminar da CPI dos Sanguessugas divulgado nesta quinta-feira reuniu indícios da participação de 60 prefeituras na máfia das ambulâncias superfaturadas. Segundo o sub-relator de sistematização da CPI, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), dos 60 municípios suspeitos, 40 receberam ambulâncias e 21 delas foram compradas com emendas de deputados acusados de envolvimento no esquema. As propinas, segundo o deputado, eram pagas aos prefeitos e variavam de R$ 2 mil a R$ 125 mil, movimentando entre fevereiro de 2002 e julho de 2005, período analisado, R$ 750mil.

Além da lista de prefeituras sob suspeita divulgada pela CPI, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, encaminhou nesta quinta-feira ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, e ao diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, um relatório que mostra que o grupo Domanski, do Paraná, agia de forma semelhante à Planam , empresa suspeita de liderar a máfia das ambulâncias. Segundo a CGU, o grupo agiria desde 1980.

Também nesta quinta-feira, o Ministério Público Federal no Mato Grosso ainda apresentou denúncia contra mais nove ex-deputados federais, 49 assessores parlamentares e um servidor público do Ministério da Saúde por suposto envolvimento com a máfia dos sanguessugas. São agora 19 os ex-parlamentares, 79 os assessores parlamentares e cinco os funcionários do Ministério da Saúde acusados de envolvimento com a quadrilha, de um total de 140 pessoas contra as quais já foram apresentadas ações penais na Justiça Federal de primeira instância.

Os nove ex-deputados denunciados pelo MP são Emerson Kapaz, Nair Xavier Lôbo, Cleuber Brandão Carneiro, Eber Silva, Gessivaldo Isaías de Carvalho Silva, José Aleksandro da Silva, Luís Eduardo Almeida de Oliveira, Matusael do Nascimento e Paulo César Marques de Velasco.

No levantamento da CPI, o estado do Mato Grosso foi o que mais apresentou prefeituras supostas de envolvimento no esquema, sendo 11 ao todo. Em seguida, está o Rio de Janeiro, com oito, e a Bahia, com sete. Em Rondônia são seis prefeituras, enquanto no Pará, na Paraíba e no Paraná são cinco cada um. Quatro prefeituras em Minas e quatro no Espírito Santo constam no levantamento. Goiás, Tocantins e Roraima têm uma prefeitura cada suspeita de ter recebido ambulâncias pagas com dinheiro do esquema dos sanguessugas.

O próximo passo da CPI será fazer um cruzamento para ver a época da liberação das emendas:

- Temos que identificar, construir as provas para que o sub-relator do Executivo, que é Júlio Redecker (PSDB-RS), possa investigar esses municípios. Vamos ver se essas liberações se davam na mesma época durante o ano, ou se em determinadas ocasiões, como a época do mensalão essa liberação de emendas se dava de forma mais veemente para demonstrar que ela era uma forma de cooptar, de trazer o parlamentar para base aliada - disse Sampaio.

Para o sub-relator, havia parlamentares que gerenciavam regionalmente as emendas da bancada:

- Está se percebendo que existiam parlamentares que eram verdadeiros gerentes regionais nesse esquema de corrupção, cooptavam outros parlamentares, distribuíam as ambulâncias e ganhavam o percentual para si como alguém e repassava. Na maioria das vezes, os parlamentares que compunham a bancada não tinham ciência, mas o gerente e seus comparsas sabiam o que estavam fazendo - completou.

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