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Reserva – Pode parecer estranho, mas a cidade com mais filiados do Partido Comunista do Brasil (PC do B) no Paraná tem 24 mil habitantes e fica no interior. Reserva, a 217 quilômetros de Curitiba, se transformou, em apenas cinco meses, no município com mais "comunistas" no estado. Ao todo são 238 pessoas que, desde agosto do ano passado, mês que foi criado o partido em Reserva, tentam mudar o domínio político na cidade, governada há 50 anos por apenas duas famílias. Curitiba, por exemplo, possui 201 filiados em um universo de 1,1 milhão de eleitores e no estado todo são 2.588 integrantes do partido.

O responsável por esse fenômeno é o presidente do PC do B no município, Nelson Renato Vozniak. Desiludido desde as eleições de 2004, quando não conseguiu se candidatar a vereador pelo Partido Popular Socialista (PPS), o empresário do ramo da construção civil, de 32 anos, tentou mudar seu rumo na política e decidiu criar o PC do B na cidade. "Eu queria revolucionar. E encontrei no partido pessoas que poderiam ser sérias e me garantir uma nova forma de fazer política", acredita.

Vozniak rompe com qualquer estereótipo de um comunista. Dono de um carro importado e uma casa em um condomínio fechado, com vista para um lago artificial construído por ele mesmo na cidade com um dos piores Índices de Desenvovimento Humano (IDHs) do estado, ele acredita que todas as pessoas podem ser iguais. "Todos têm o direito de trabalhar e ter o seu carro e sua casa, sem ser explorados", discursa. "No nosso partido temos desde um simples gari até um empresário representativo na cidade. Todos são iguais", completa.

Nelsinho, como o presidente do partido é conhecido entre a população, não usa discurso marxista para convencer os eleitores a se filiar ao PC do B. Nas palavras, nada de que lembre Marx, Engels, os problemas que a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) trará ao Brasil, e sim, a participação das pessoas na política. "Eu tento mostrar ao eleitor a importância da política, que tudo gira em torno da política e porque ele deve participar de um partido", afirma.

E o seu próprio discurso tem dado resultado. O professor Tércio Alves do Nascimento é um dos novos "comunistas" da cidade. Filiado desde setembro, o professor sempre foi um simpatizante dos ideais comunistas, mesmo sem nunca ter lido o Manifesto Comunista, obra que serve como base teórica da legenda. "Eu lia sobre a história do PC do B e sempre fui contra todas as injustiças sociais no país. Por isso decidi me filiar", diz.

Para o presidente, a mudança no perfil dos novos filiados do PC do B não atrapalha em nada a propagação das idéias do partido. "Hoje não existe mais aquele extremismo, radicalismo para ser um comunista. Hoje é mais flexível", afirma Vozniak, que ainda espera receber o material informativo do PC do B para conseguir mais adeptos.

De acordo com Nascimento, a intenção é chegar aos mil filiados em Reserva até as próximas eleições municipais, em 2008. "Ainda existe preconceito na cidade, mas a vontade de mudança na população é grande e por isso vamos conseguir novos integrantes rapidamente", diz.

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