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A pedido de professores, Justiça manda governo Richa detalhar salários de servidores na internet

Decisão é motivada por texto publicado na agência estadual de notícias que dizia que, em 111 cidades, professores ganhavam mais do que prefeitos

Portal de Transparência do estado do Paraná tem área específica para consulta de salários de professores. | Reprodução/Internet
Portal de Transparência do estado do Paraná tem área específica para consulta de salários de professores. (Foto: Reprodução/Internet)

O governo do Paraná terá de publicar, no portal da transparência, o detalhamento dos salários de todos os servidores estaduais, explicando os valores brutos e líquidos, as gratificações e os adicionais eventuais.

A determinação é consequência de uma ação, movida pela APP-Sindicato, que foi à Justiça reclamar quando a agência estadual de notícias divulgou texto, em maio do ano passado, alegando que em 111 cidades havia salário de docentes que eram maiores que os pagos a prefeitos. A publicação ocorreu durante a greve de professores e muitos professores alegaram que os valores estavam distorcidos, com gratificações retroativas.

A publicação gerou revolta e também virou motivo para memes na internet, com professores insinuando que estariam ricos se tivessem a remuneração informada pelo governo. De acordo com o sindicato da categoria, aqueles não eram os salários reais que os profissionais recebiam mensalmente. À época, a assessoria de imprensa do governo informou que a decisão foi tomada para atender à demanda de ligações que havia recebido de todo o estado, com questionamentos a respeito “do verdadeiro salário dos professores”. Posteriormente, o Portal da Transparência do Executivo ganhou um link chamado “Remuneração dos Professores”, no qual é possível identificar o salário de todos os docentes do estado.

Na decisão, o juiz Guilherme de Paula Rezende, da 4ª Vara Da Fazenda Pública de Curitiba, concorda que, da forma como está, o portal não permite uma consulta precisa dos vencimentos dos servidores. A decisão judicial cita, inclusive, o modelo de publicação dos salários no site do Supremo Tribunal Federal e usa como exemplo o detalhamento do salário do presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski. O juiz determinou também a retirada do texto que compara os salários com os subsídios de prefeito, mas a publicação já havia sido deletada no ano passado.

“O portal se limita a indicar a remuneração dos servidores do Estado no formato bruto, ou seja, sem arrolar de forma pormenorizada as verbas que compõem o valor total em dado mês de referência. Ou seja, se o Portal da Transparência visa prover o cidadão de todas as informações relativas à prestação do serviço público, deve fazê-lo através de subsídios precisos, claros e ostensivos. Afinal, o dever de informação vai além da mera divulgação de remuneração com conteúdo genérico. É obrigatório o oferecimento de informações que permitam uma efetiva compreensão do leitor. Em outras palavras, quer-se que o cidadão entenda o significado daquilo que lê e, assim, tenha ciência do que está sendo pago a cada servidor público”, diz o despacho.

A sentença determina que o detalhamento no portal seja cumprido até 90 dias depois da notificação. A APP-Sindicato comemorou a decisão judicial, argumentando que a divulgação trará transparência para a publicação não apenas dos salários dos professores, mas de todos os servidores do estado. Procurado, o governo estadual informou, por meio da assessoria de imprensa, que já está em processo de reformulação de todo o Portal da Transparência que trará, entre as inovações, a discriminação dos valores de vencimentos de todos os servidores estaduais. E que a decisão judicial será cumprida.

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