Apesar das cenas de guerra e dos mais de 200 feridos, o comandante da Polícia Militar (PM) do Paraná, coronel César Vinícius Kogut, defendeu a ação da corporação, no cerco à Assembleia Legislativa. Na tarde desta quarta-feira (29), policiais dispararam balas de borracha e bombas de efeito moral contra professores que protestavam no Centro Cívico. Para a PM, no entanto, os agentes teriam reagido a uma tentativa dos manifestantes de romper o bloqueio.
Tiros, explosões e feridos no Centro Cívico; veja o vídeo
Por volta das 15h horas desta quarta-feira, policiais militares e manifestantes entraram em confronto na frente da Assembleia Legislativa. Imagens mostram que os policiais usaram bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha e jatos de água contra os manifestantes.
+ VÍDEOSSegundo Kogut, um grupo de manifestantes conseguiu romper um primeiro cerco, formado por policiais militares desarmados. Diante deste furo, os comandantes da operação teriam dado a ordem para que o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que formaram um segundo cordão de isolamento, agisse. Cerca de 1,6 mil agentes participaram da operação.
“O comandante deu a ordem visando a proteção da Assembleia e o cumprimento da ordem judicial [que determinava o isolamento do prédio]”, disse. O coronel classificou a ação de “inevitável” e acrescentou que a PM usou “atitudes cabíveis (...) usadas por polícias de todo o mundo”.
A avaliação foi divulgada em entrevista coletiva concedida no início da noite desta quarta-feira. Na ocasião, a PM apresentou três pedaços de madeira, uma dezena de pedras e cinco garrafas com combustível (coquetéis molotov), que teriam sido apreendidos com manifestantes. Segundo a PM, cerca de 20 policiais ficaram feridos. “Pedras e paus foram arremessados o tempo todo”, afirmou Kogut.
“A PM existe para proteger a sociedade. Veio uma ordem judicial e nós tivemos que cumprir. Era a nossa missão e ela foi cumprida”, apontou o coronel. “Nós não estávamos ali porque queríamos, mas porque a Justiça decidiu”, completou.
Comando
Assistindo de camarote
De dentro do Palácio do Iguaçu, espectadores comentam ação da polícia contra os manifestantes.
+ VÍDEOSUm dos comandantes da operação foi o coronel Arildo Luis Dias. Ele era chefe da Corregedoria da PM até a terça-feira (28), quando foi afastado justamente para conduzir a ação policial na Assembleia. O outro comandante foi o coronel Nerino Mariano de Brito, que já chefiou o Bope.
A PM anunciou que vai instaurar um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar se houve excessos na operação. Os trabalhos, diz a PM, serão acompanhados pelo Ministério Públicos. Kogut considera que não vai haver conflito de interesses pelo fato de coronel Arildo ter sido chefe da Corregedoria. “Ele vai ficar afastado [da Corregedoria] até a conclusão do IPM”, assegurou.
Além do número de feridos, alguns detalhes chamaram a atenção, como o volume de spray de pimenta aspergido por policiais contra manifestantes e a ação do helicóptero da corporação que sobrevoou o acampamento dos professores e em um voo rasante, acabou destruindo algumas barracas.
Presos
Até o início da noite, sete presos haviam sido encaminhados ao 1º Distrito Policial, mas a identidade deles não foi confirmada. O delegado-geral da Polícia Civil, Júlio Reis, disse que, entre os detidos, estava um estudante universitário de Londrina. “Vamos instaurar um inquérito para apurar, inclusive, quem pagou e articulou a participação dessas pessoas que não são professores”, afirmou.



