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A tragédia com o avião da TAM poderá fazer os deputados voltarem ao trabalho neste mês de férias. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), promete conversar com líderes partidários e integrantes da Mesa Diretora sobre a possibilidade de interromper o recesso parlamentar e agilizar as investigações sobre os problemas do tráfego aéreo, que estão em andamento em duas CPIs, sendo uma na Câmara e outra no Senado. O recesso começou nesta quarta-feira e termina em 1º de agosto.

- A hora em que a gente puser a cabeça no lugar, a gente vê o que pode e deve fazer- disse Chinaglia, que foi ao Instituto Médico - Legal (IML) de São Paulo tentar reconhecer o corpo do deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), um dos passageiros do vôo 3054.

Redecker viajara à capital paulista para se juntar ao colega Luiz Sérgio (PT-RJ) e a Chinaglia. Os três viajariam ainda na noite desta terça a Washington, em missão oficial. Quando soube que Redecker estava no vôo que se acidentou no aeroporto de Congonhas, Chinaglia cancelou sua viagem.

Segundo o presidente da Câmara, é preciso investigar a fundo a causa dos recentes desastres.

- Eu acho que na dúvida [sobre as causas do acidente] é preciso fazer, através das CPIs que estão no Congresso, e através das autoridades [uma investigação profunda]. Tem que passar a limpo esse diagnóstico, conviver com a dúvida não dá - afirmou o petista. - Ninguém suporta mais essa tensão, depois de dois acidentes tão graves seguidos. É acidente demais em curto prazo - disse ele, em referência ao acidente com o Boeing da Gol, que deixou 154 mortos em setembro de 2006 .

A crise do setor aéreo no país começou quando os controladores de vôos iniciaram protestos contra o afastamento de colegas para as investigações sobre o desastre com o Boeing da Gol.

CPI do Senado pode prorrogar trabalhos

O presidente da CPI do Apagão Aéreo no Senado, Tião Vianna (PT-AC), disse nesta quarta-feira que a comissão pode prorrogar seus trabalhos para investigar o acidente. A CPI, que previa entregar relatório final no dia 15 de agosto, deve prolongar o prazo de funcionamento que, oficialmente, vai até novembro.

Já o vice-presidente da CPI do Apagão no Senado, Renato Casagrande (PSB-ES), ressaltou que ainda não é possível afirmar que a tragédia tenha sido conseqüência da crise do setor.

- A avaliação tem de ser feita com cautela, para que não se cometa nenhuma injustiça quanto às causas do desastre - afirmou o senador.

No entanto, Renato Casagrande acrescentou que "o acidente joga luz sobre o problema da gestão aeroportuária". Renato Casagrande disse que há no país "uma gestão ineficaz, desorganizada, que não respondeu à crise que já estamos vivendo há vários meses". Também defendeu que o governo "tenha pressa e seja eficiente para estabelecer um novo modelo de gestão para os serviços aeroportuários do país".

O deputado federal Valderlei Macris (PSDB-SP), autor do requerimento que instalou a CPI do Apagão Aéreo na Câmara, afirmou que o governo precisa assumir a responsabilidade pela falta de gestão no setor aéreo do país. O deputado lamentou que o acidente com o avião da TAM seja uma tragédia anunciada, e disse que a CPI já havia alertado sobre a falta de segurança no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

- Não quero apontar culpados agora, mas nestes dois meses de investigação da CPI a atuação do governo foi uma brincadeira. Desde o acidente com o avião do Gol já se passaram dez meses. Ora os culpados eram os controladores, Ora as empresas, a prosperidade e os pilotos. O governo está sendo incapaz de gerir o país neste setor. Eles estão brincando com a vida das pessoas e devem assumir a responsabilidade pela falta de gestão - afirmou o deputado.

Macris ainda disse que o aeroporto de Congonhas estava sendo gerido acima de sua capacidade, e lamentou que a pista tenha sido reaberta na manhã desta quarta-feira, após o acidente.

O senador Demóstenes Torres participou de uma reunião na superintendência da Infraero no Aeroporto de Congonhas. O senador afirmou que sua maior preocupação é verificar as condições de atendimento oferecidas aos parentes as vítimas. Ele também pretende conferir que providências estão sendo tomadas para identificação dos mortos.

- Essas são as primeiras providências que a CPI do Apagão pode tomar - antecipou Demóstenes.

Tião Viana não consegue ser recebido por Lula

Tião Viana queria se reunir ainda nesta quarta-feira com o presidente Lula, para entregar cópia dos dois primeiros relatórios já apresentados pela CPI: o primeiro sobre as causas do acidente com o Boeing da Gol, ocorrido no ano passado, e o segundo apontando as causas do apagão aéreo. O terceiro, sobre as denúncias de corrupção na Infraero, só deveria ser apresentado na segunda quinzena de agosto. Mas não pode ser recebido porque Lula se recuperava de uma cirurgia de retirada de terçol.

CPI do Apagão da Câmara também discute acidente

Segundo o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), os integrantes da CPI do Apagão Aéreo vão fazer uma reunião de emergência nesta quarta-feira, na sede da Infraero em São Paulo, para decidir de que modo a comissão vai atuar diante do acidente da TAM.

Na reunião desta quarta-feira, o deputado do PSOL irá pedir o depoimento de todos os sargentos controladores de vôo e dos oficiais da Aeronáutica que estiveram na torre de Controle de Congonhas no momento do acidente e nos últimos dias chuvosos em São Paulo. Ele vai requisitar também todas as gravações dos contatos entre pilotos e controladores de vôo nos últimos quatro dias de chuva em São Paulo.

Valente quer verificar se houve pedido formal de interdição da pista por algum controlador ou outra autoridade no período e se tal pedido não foi observado.

- Sabemos claramente que houve aviso de que a pista estava escorregadia e que as ranhuras para evitar derrapagens não haviam sido concluídas - disse o parlamentar.

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