
O professor Christian Luiz da Silva, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), alerta que as políticas públicas devem ser constantes, e cita o exemplo da coleta seletiva em Curitiba. "É um programa de 1989, que funcionou bem com propaganda massiva. Quando parou de aparecer na mídia, a coleta caiu."
Outra ação descontinuada é a adesão do governo federal a fontes de energia renováveis. "O governo não tem clareza, só age movido pelo curto prazo. Quando o preço do petróleo subiu, apostou no etanol e energia renovável. Mas depois foi descoberta a camada de pré-sal, e o petróleo volta a ser o salvador."
A matriz energética brasileira atualmente utiliza mais energia poluente do que no início da década de 90. Além do petróleo, em 2011 aumentou a oferta de energia nuclear, gás natural e carvão (veja infográfico).
Congestionamentos
A opção do governo federal por incentivar a venda de automóveis, com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), é outra ação muito criticada. "Não temos outra alternativa econômica que não seja o setor automotivo? O que a Federação da Agricultura pensa disso? Por que não reduzir o IPI do adubo?", questiona Carlos Mello Garcias, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
O professor da Universidade de Brasília (UnB) Gustavo Souto Maior conta que na Convenção do Clima em Copenhague, em 2009, quando havia 34 mil inscritos para credenciamento, não presenciou nenhum congestionamento durante os 15 dias que permaneceu lá. "Mas é que 40% da população anda de bicicleta. Não só pobres, mas madames de salto e bolsa Louis Vuitton. Fui na prefeitura e perguntei. Quem quer comprar carro paga um imposto altíssimo. Agora aqui, nessa república de bananeiras, o ministro da Fazenda vai à tevê se gabar do aumento de venda de carros populares pela redução do IPI. Que raio de economia verde será a nossa? Será a economia mais cinza que existe", critica ele.



