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José Anibal, líder do PSDB, foi um dos que viajaram à França a convite do governo francês | Wilson Dias/ABr
José Anibal, líder do PSDB, foi um dos que viajaram à França a convite do governo francês| Foto: Wilson Dias/ABr

Memória

Empresa pagou viagem a Paris

A chance de os deputados federais endossarem a CPI que Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) pretende criar é muito pequena. Isso porque em julho, vários líderes partidários, entre eles o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), viajaram para Paris a convite do governo francês e de fabricantes de material bélico. Uma das empresas responsáveis pela viagem foi a Dassault, fabricante do caça Rafale.

A viagem foi organizada pelo Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional (IHEDN), braço do Ministério da Defesa francês. Além de Temer, fizeram parte da delegação outros sete deputados, que representam tanto a base aliada quanto à oposição: José Aníbal (PSDB), Cândido Vaccarezza (PT), Ronaldo Caiado (DEM), Raul Jungmann (PPS), Maria Lúcia Cardoso (PMDB), Ibsen Pinheiro (PMDB) e Carlos Zarattini (PT).

Temer ficou impressionado com as demonstrações das empresas francesas e ressaltou que, "uma vez a tecnologia transferida, a França não diria como ela deve ser utilizada." Naquela época, José Aníbal também ressaltou a garantia de transferência de tecnologia. "O chefe do Estado-Maior garantiu até a transferência do código-fonte do Rafale, a informação mais importante de todo o projeto."

Para criar uma CPI na Câmara, é necessário ter no mínimo 171 assinaturas de apoio. Itagiba disse não ter "bola de cristal" para prever quando conseguirá o número de apoio necessário. "Mas que isso está um escândalo, está", disse.

Rio de Janeiro - O deputado federal Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) anunciou ontem que vai começar a recolher assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquéri­­­to (CPI) para investigar as recentes compras de equipamentos militares, fechadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente francês, Nicolas Sarkozy. O parlamentar afirmou querer saber quem são os intermediários da operação. Ele também pretende apurar se um integrante do Ministério da Defesa ficou hospedado na casa de um dos fornecedores de armamento, durante visita à França. Essas são, de acordo com o deputado – delegado da Polícia Fe­­­de­­ral e ex-secretário de Segu­­­rança do Rio –, informações que têm chegado a seu gabinete e cuja veracidade pretende checar.

"Estamos falando de bilhões de dólares", disse Itagiba. "E para gastar bilhões de dólares, precisa justificar. E também dizer o porquê da escolha. Não houve licitação". Pelos acordos assinados, o Brasil comprará da França quatro submarinos convencionais modelo Scorpène, um casco para submarino nuclear, um estaleiro para construí-los, uma nova base para operá-los, peças sobressalentes, armamentos (como torpedos), soft­­wares e 50 helicópteros. Os dois países também abriram negociações para a compra, pelos brasileiros, de 36 aviões de caça modelo Rafale, fabricados pela empresa francesa Dassault. Ao todo, os ne­­­gócios militares entre Brasil e Fran­­­ça preveem gastos, nos próximos 20 anos, a cifras de hoje, da ordem de 12,5 bilhões de euros – aproximadamente R$ 32,7 bilhões.

O parlamentar considerou estranho que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, "desautorizasse" o presidente Lula dizendo, no dia seguinte ao anúncio do fechamento do negócio dos modelos Rafale, que as negociações ainda estavam abertas. "Hoje (ontem), os jornais dizem que o caça está escolhido politicamente, não tecnicamente", declarou. "Isso está o samba do crioulo doido".

O governo brasileiro alega que não poderia comprar equipamentos de outras empresas que se mostraram insatisfeitas com a escolha pelos franceses – como a empresa ale­­­mã HDW e a Boeing, dos EUA. Segundo o Planalto, os alemães não constroem submarinos nucleares e os EUA não abrem totalmente os códigos-fonte das aeronaves.

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