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Brunelli: renúncia para evitar cassação | Cristiano Mariz/Jornal de Brasília
Brunelli: renúncia para evitar cassação| Foto: Cristiano Mariz/Jornal de Brasília

Brasília - Acuado por denúncias ligadas ao mensalão do DEM, o deputado distrital Júnior Brunelli (PSC) renunciou, na tarde de ontem, ao seu mandato, evitando assim o risco de ser cassado pelo plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Brunelli é quem aparece em um vídeo ao lado do ex-deputado Leornardo Prudente rezando pela vida do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. Principal testemunha da investigação, Durval executava a função de distribuir entre assessores, secretários de governo e deputados distritais o dinheiro ilegal. A cena ficou conhecida como "oração da propina". Prudente aparece ainda em outra gravação, na qual recebe maços de dinheiro de suposta propina e os guarda nos bolsos das calças e até nas meias.

A carta de renúncia de Brunelli foi lida ontem mesmo pela deputada Jaqueline Roriz (PMN). Brunelli era alvo de processo por quebra de decoro. Ao final do processo, além de ter o mandato cassado, ele poderia ter a inelegibilidade decretada. Ao renunciar, o processo é arquivado. Ele é o segundo deputado distrital que renuncia ao cargo. Na última sexta-feira, foi Prudente, ex-presidente da Câmara Legislativa, quem deixou o mandato.

Em sua carta de renúncia, Brunelli faz um longo relato sobre seu trabalho parlamentar, dá ênfase à defesa que fez da população evangélica de Brasília, e, antes de comunicar a renúncia, afirma que foi "vítima de conspiração política". Brunelli afirma que os vídeos da Operação Caixa de Pandora foram "montados ao sabor dos poderosos de plantão" e tinham como objetivo "desestabilizar" o trabalho dele. De acordo com o deputado, o dinheiro que recebe no vídeo foi destinado para "eventos de campanha". "Isto é uma prática comum dos partidos políticos brasileiros."

Na semana passada, a Câmara Legislativa abriu processo disciplinar contra Brunelli, Prudente e ainda contra a deputada Eurides Brito (PMDB), que, também em vídeo, guarda maços de dinheiro da suposta propina na bolsa. Apesar de ter confidenciado, nos bastidores, que poderia renunciar, ela tem divulgado reiteradas notas à imprensa negando que vá deixar o cargo.

Intervenção

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, voltou a defender ontem o pedido de intervenção da União na capital federal. Segundo Gurgel, se a medida não for tomada, o DF corre o risco de terminar a década contaminada por corrupção. O procurador-geral afirmou que tanto o Executivo como o Legislativo do DF ainda demonstraram que são capazes de reagir ao esquema de arrecadação e pagamento de propina que levou o governador afastado José Roberto Arruda (sem partido) à prisão.

"Se não houver intervenção, chegamos ao final do ano ou da década com a situação no Distrito Federal precária ou ainda contaminada pela corrupção. Temos no Distrito Federal uma situação excepcionalíssima que justifica a excepecionalidade da intervenção", afirmou.

Ontem, uma comitiva de deputados distritais reforçou ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, os prejuízos que a medida pode provocar na capital federal.

Pelos cálculos dos parlamentares, 50 mil pessoas podem ficar desempregadas, paralisação de contratos das 2.034 obras, além de queda na arrecadação. Mendes teria evitado fazer qualquer juízo de valor sobre o pedido de intervenção da Procuradoria Geral da República, mas afirmou aos parlamentares que vai agir com coerência e racionalidade.

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