Na tentativa de desqualificar a denúncia, a defesa de Luiz Carlos da Silva, o ex-deputado federal professor Luizinho (PT-SP), afirmou nesta terça-feira (14) no Supremo Tribunal Federal (STF) que ele foi acusado de participação no mensalão por um simples telefonema. Segundo o advogado Pierpaolo Cruz Bottini, a Procuradoria Geral da República entendeu que o petista praticou lavagem de dinheiro por conta de uma ligação dele ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. O ex-deputado, disse a defesa, queria saber se haveria dinheiro para custear a pré-campanha de vereadores de 2004.
"Não existe nada que traga a figura de professor Luizinho para os autos. A dúvida não é suficiente para a condenação", afirmou. De acordo com a defesa, na conversa, Delúbio informou que teria recursos e pediu para que um assessor dele o procurasse.
"Foi denunciado por um simples telefonema, um telefonema banal entre o parlamentar e o tesoureiro. Não se tratou de nada ilícito", disse. Bottini afirmou que o assessor José Nilson, amigo de Delúbio e chamado de Zé Linguiça, sacou R$ 20 mil na agência do Banco Rural e usou o dinheiro para pagar um designer de camisetas. O material foi entregue a três pré-candidatos a vereadores.
"Não há aqui o tipo penal de lavagem de dinheiro, porque não está presente em nenhum momento a ocultação. O dinheiro não foi recebido em potes, pacotes, não foi recebido na calada da noite. Ele assinou um recebido", afirmou.
Ex-líder do governo Lula na Câmara, ele foi absolvido no processo de cassação do mandato em 2005. "Ser líder do governo não é indicio da prática de crime. [...] Não há nenhuma prova da participação dele e quem diz isso não é só a defesa, mas a Câmara quando absolveu o professor Luizinho na esfera política", afirmou.
Ele reclamou que não há evidencias claras da origem do dinheiro. "Não posso usar a defesa porque não sei de onde vem os R$20 mil. É evidente que isso viola o direito de defesa. Quem disse que os R$20 mil não eram de dinheiro lícito da SMP&B [agência de publicidade de Marcos Valério]?"
O advogado disse que "é demais" pensar que o dinheiro vinha de um crime contra a administração pública ou o sistema financeiro nacional.
Bottini afirmou que seu cliente viveu um "calvário político e jurídico" e pediu que o Supremo faça Justiça e prove "que toda um vida política não foi chamada sem nenhuma prova".



