
Ao todo, mais cinco réus do mensalão (Ação Penal 470), entre eles um ex-ministro e três ex-deputados do PT, foram defendidos nesta terça-feira (14) no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF). Os advogados de defesa de cada um deles usou a tribuna por cerca de uma hora e a maioria disse que recebeu dinheiro do partido para pagar dívidas de campanha, refutando a tese do Ministério Público Federal (MPF) de que houve compra de parlamentares.
Na relação dos réus com direito à defesa nesta terça estão o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto e os ex-deputados Professor Luizinho (PT-SP), Paulo Rocha (PT-PA) e João Magno (PT-MG), além da assessora parlamentar Anita Leocádia Pereira da Costa.
Esta é a penúltima etapa do julgamento dedicada à defesa. Restam agora apenas as sustentações de advogados de três réus, que serão ouvidos nesta quarta-feira (15): José Luiz Alves, ex-chefe de gabinete de Anderson Adauto no ministério e os publicitários Duda Mendonça e Zilmar Fernandes. Em seguida, os ministros devem começar a leitura dos votos. O primeiro será o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa. Com 1 mil páginas, a leitura do voto pode durar até quatro dias.
Depois, começa a etapa dos votos dos 11 ministros da Suprema Corte.
A expectativa é que a fase das defesas acabe na quarta-feira (15). O primeiro a apresentar o voto será o relator do processo, o ministro Joaquim Barbosa, que adiantou que seu voto tem mais de mil páginas.
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A primeira defesa desta terça foi a do advogado João dos Santos Gomes Filho, cujo cliente é o ex-deputado Paulo Rocha, que responde por crime de lavagem de dinheiro. Pelo mesmo crime respondem ainda o ex-deputado Professor Luizinho e João Magno, defendido pelo advogado Wellington Alves Valente, além de Anita Costa, defendida por Luís Maximiliano Leal Telesca Mota.
O advogado de Rocha afirmou que o cliente recebeu dinheiro para saldar dívidas de campanha eleitoral e negou que ele soubesse ser ilícita a origem do dinheiro. Telesca afirmou que Anita Leocádia, ex-assessora do ex-deputado Paulo Rocha, desconhecia a origem dos R$ 620 mil que recebeu para saldar dívidas de campanha do diretório do partido no Pará. O defensor pediu a absolvição de Anita da acusação de lavagem de dinheiro.
O Professor Luizinho é acusado pelo Ministério Público de ter recebido R$ 20 mil do esquema montado pelo publicitário Marcos Valério para votar favoravelmente ao governo. Na tentativa de desqualificar a denúncia, a defesa dele afirmou que ele foi acusado de participação no mensalão por um simples telefonema. Segundo o advogado Pierpaolo Cruz Bottini, a Procuradoria Geral da República entendeu que o petista praticou lavagem de dinheiro por conta de uma ligação dele ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Outro petista, o ex-deputado João Magno (MG), teria recebido R$ 360 mil do esquema. Segundo seu advogado, o dinheiro era para pagar dívidas de campanha. A defesa dele, dividida entre os advogados Sebastião Tadeu Ferreira Reis e Wellington Alves Valente, usou o fato de parte dos recursos do valerioduto terem passado pelas contas bancárias dele para tentar livrá-lo da acusação de lavagem de dinheiro, única que lhe é atribuída no processo do mensalão.
O último réu a apresentar defesa foi o ex-ministro dos Transportes, Anderson Adauto (agora no PMDB), atual prefeito de Uberaba (MG), e responde pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Segundo a acusação, ele recebeu R$ 950 mil e ajudou a montar o esquema de compra de apoio político no PTB.
O ex-ministro nega participação no esquema e afirma que o valor foi usado para pagar dívidas de campanha. Segundo o advogado Roberto Gargia Pagliuso, Adauto não teve nenhum "contato" com Roberto Jefferson, delator do mensalão, e que o ex-ministro recebeu recursos do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para pagar dívida de campanha.
Nos últimos dias, as defesas dos réus insistiram na inocência de seus clientes, mas vários advogados admitiram a existência de caixa 2 embora não tenham reconhecido a existência do esquema do mensalão.
Ao apresentar a denúncia, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a condenação de 36 dos 38 réus. Ele exclui da condenação por falta de provas o ex-ministro da Comunicação Social da Presidência da República Luiz Gushiken e o assessor do PL (atual PR) Antonio Lamas.



