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Os advogados de defesa do ex-prefeito Paulo Maluf e do filho dele, Flávio, dizem ter encontrado um trunfo valioso na luta para tirá-los da cadeia. Um trecho de uma escuta telefônica mostra o doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi, conversando com um colega sobre o inquérito da Polícia Federal (PF) que investigou a suposta movimentação financeira ilegal da família Maluf no exterior. No diálogo, gravado com autorização da Justiça, Birigüi diz que o delegado Protógenes Queiroz, que presidiu o inquérito, teria prevaricado em troca da ajuda do doleiro nas investigações. A Justiça determinou nesta quarta-feira, a pedido dos advogados, a instauração de um inquérito policial para investigar a divulgação ilegal da escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal.

O suposto acerto revelado por Birigüi era o de que Protógenes deixaria o doleiro em paz para que ele pudesse operar suas casas de câmbio livremente em shoppings da capital em troca da acusação contra os Maluf. Trecho da gravação foi exibido ontem pela TV Bandeirantes. "O delegado me disse que ao final ia me dar um presente. Eu falei: 'mas é material?'. Ele me falou: 'lógico que não'. Eu entendi que ele vai manusear o inquérito. Ele me garantiu que eu poderia desfazer o acordo com eles (Maluf) porque ninguém vai me incomodar não", disse Birigui, às gargalhadas, para outro doleiro, sugerindo que ele poderia continuar no mercado de dólar livremente.

- Encontramos um diálogo entre o Vivaldo e um doleiro no qual o Vivaldo narra analiticamente em que circunstâncias ele foi induzido a fazer acusação à família Maluf. São estarrecedoras as circunstâncias dos esclarecimentos desta gravação - disse José Roberto Batocchio, advogado de Flávio ao fim do depoimento de seu cliente na 2ª Vara Criminal Federal ontem. Maluf e Flávio depuseram por cerca de quatro horas cada um.

Sobre as gravações telefônicas feitas pela PF com autorização da Justiça, Batocchio declarou que a defesa encontrou erros na transcrição dos diálogos o que os levou a analisar todo o conteúdos das fitas e assim encontrar a conversa entre Birigüi e seu colega.

- Começamos a conferir palavra por palavra, vírgula por vírgula e começamos a achar erros. Onde estava: 'bom dia governador', aparecia transcrito assim 'oi amador' - disse Batocchio.

Foram essas escutas telefônicas que mostraram os Maluf conversando com Birigüi, naquilo que o Ministério Público Federal acredita ser uma suposta tentativa de impedir que o doleiro falasse com a PF. As gravações foram um dos principais indícios que levaram a Justiça a determinar a prisão de Maluf e Flávio há 12 dias. Eles estão detidos na Superintendência da PF no bairro da Lapa, Zona Oeste de São Paulo.

O procurador Rodrigo de Grandis, que acompanhou o interrogatório dos Maluf ao juiz Paulo Alberto Sarno, da 2ª Vara Criminal Federal não quis entrar em detalhes sobre o depoimento. "O processo está sob segredo de Justiça", disse. Já o advogado Ricardo Tosto afirmou, em breve entrevista aos jornalistas, que Maluf "respondeu às perguntas, se declarou inocente e negou todas as acusações".

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