
Os defensores de quatro réus que trabalhavam para a agência de publicidade SMP&B, de Marcos Valério, foram ouvidos ontem, na quarta sessão de julgamento do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF). Os advogados afirmaram que seus clientes cumpriram ordens ao contrair empréstimos e distribuir recursos entre parlamentares. Ontem também foi ouvido o defensor de Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural.
Castellar Modesto Guimarães, defensor do publicitário Cristiano Paz, disse que seu cliente cuidava da parte de criação da SMP&B e não se envolvia com as finanças. "A tarefa que lhe cabe é superexaustiva. Ele se dedica integralmente a essa tarefa", afirmou. Guimarães disse que Paz só é réu por ser ex-sócio de Valério.
Já o defensor do advogado Rogério Tolentino, Paulo Sérgio Abreu e Silva, chamou a denúncia do mensalão de "roteiro de novela da oito". "Foi puxando aqui, puxando pra lá e chegando ao astronômico número de 40 [acusados hoje são 38]", ironizou. Ele negou que seu cliente tenha sido sócio de Valério. Tolentino foi acusado, por exemplo, de ter conseguido um empréstimo no Banco BMG, no valor de R$ 10 milhões, e distribuído o dinheiro para deputados. Abreu e Silva disse que o valor foi entregue para Valério.
O advogado Leonardo Yarochewsky afirmou que sua cliente, a ex-diretora da SMP&B Simone Vasconcelos, distribuiu recursos "para fulano, beltrano" sem saber que se tratavam de políticos. Os repasses teriam sido feitos a mando de Valério. "É bonito esse negócio de falar de bando, de quadrilha, até na novela das oito a Carminha disse que ia processar a Rita por formação de quadrilha", disse, referindo-se à novela Avenida Brasil, da TV Globo.
Já o advogado Paulo Sérgio Abreu e Silva afirmou que a gerente financeira da SMP&B, Geiza Dias, era uma "funcionária mequetrefe". Segundo ele, Geiza era uma "batedeira de cheque", preenchendo de 100 a 200 cheques por dia para os sócios da empresa assinarem.
O advogado e ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, que defende Kátia Rabello, disse que um laudo da Polícia Federal atestou que os empréstimos concedidos pelo Banco Rural para duas empresas de Valério e para o PT, no valor de R$ 32 milhões, foram regulares. "O que me impressiona é que o Ministério Público ignorou um laudo desse", criticou. Segundo Dias, Kátia participou apenas da renovação do empréstimo tomado pelo PT, no valor original de R$ 3 milhões. O advogado ressaltou que, quando Kátia assumiu a presidência do Rural, em abril de 2004, teve uma conversa com Valério para cobrar a quitação dos empréstimos. Segundo ele, as renovações eram "sempre trimestrais, como uma forma de pressionar Marcos Valério a liquidar o seu débito".



