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A quarta sessão de julgamento do mensalão: defensores culparam o empresário Marcos Valério | José Cruz/ABr
A quarta sessão de julgamento do mensalão: defensores culparam o empresário Marcos Valério| Foto: José Cruz/ABr

Os réus e a defesa

Advogados sustentaram que empréstimos foram regulares e que seus clientes cumpriam ordens

Cristiano Paz

Acusado de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, o publicitário teria feito empréstimos e distribuído de recursos. Defesa disse que empréstimos foram regulares.

Rogério Tolentino

O advogado responde por formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ele teria negociado empréstimos e montado esquema de distribuição. Comprou um apartamento da ex-mulher de José Dirceu. A defesa afirmou que os empréstimos foram regulares e negou a distribuição dos recursos.

Simone Vasconcelos

A ex-diretora da SMP&B é acusada de formação de quadrilha, corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Teria distribuído dinheiro do valerioduto. A defesa alegou que ela apenas cumpria ordens.

Geiza Dias

A gerente da SMP&B teria ajudado a distribuir recursos. É acusada de formação de quadrilha, corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A defesa afirmou que ela cumpria ordens.

Kátia Rabello

A dona do Banco Rural é acusada de formação de quadrilha, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. Ela teria negociado empréstimos que alimentaram o valerioduto. A defesa afirmou que os empréstimos eram regulares.

Dilma proíbe ministros de ver julgamento

A presidente Dilma Rousseff orientou ministros para que "não percam um minuto" de sua jornada de trabalho vendo o julgamento do mensalão. A determinação foi confirmada ontem pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

"A ordem (...) é para que ninguém perca um minuto do seu trabalho vendo ou acompanhando o processo. Que se informe naturalmente nas horas vagas", afirmou Carvalho. Em 2005, o então presidente Lula deu ordem semelhante quando surgiram as denúncias sobre o mensalão.

Ausência

Os ministros do STF rejeitaram ontem a tentativa de advogados de réus de suspender o julgamento por causa da ausência da ministra Cármem Lúcia na segunda parte da sessão. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ministra ouviu a defesa de três réus e anunciou no começo do intervalo da sessão que não voltaria.

A questão foi levantada por José Carlos Dias, advogado da dona do Banco Rural, Kátia Rabello. "É importante [a presença]. Não é mera sustentação oral facultativa. É ato de defesa objetivo", disse. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Distrito Federal endossou o pedido. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, disse que não via fundamentação no questionamento dos advogados.

Os defensores de quatro réus que trabalhavam para a agência de publicidade SMP&B, de Marcos Valério, foram ouvidos ontem, na quarta sessão de julgamento do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF). Os advogados afirmaram que seus clientes cumpriram ordens ao contrair empréstimos e distribuir recursos entre parlamentares. Ontem também foi ouvido o defensor de Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural.

Castellar Modesto Gui­­marães, defensor do publicitário Cristiano Paz, disse que seu cliente cuidava da parte de criação da SMP&B e não se envolvia com as finanças. "A tarefa que lhe cabe é superexaustiva. Ele se dedica integralmente a essa tarefa", afirmou. Guimarães disse que Paz só é réu por ser ex-sócio de Valério.

Já o defensor do advogado Rogério Tolentino, Paulo Sérgio Abreu e Silva, chamou a denúncia do mensalão de "roteiro de novela da oito". "Foi puxando aqui, puxando pra lá e chegando ao astronômico número de 40 [acusados – hoje são 38]", ironizou. Ele negou que seu cliente tenha sido sócio de Valério. Tolentino foi acusado, por exemplo, de ter conseguido um empréstimo no Banco BMG, no valor de R$ 10 milhões, e distribuí­­do o dinheiro para deputados. Abreu e Silva disse que o valor foi entregue para Valério.

O advogado Leonardo Yarochewsky afirmou que sua cliente, a ex-diretora da SMP&B Simone Vasconcelos, distribuiu recursos "para fulano, beltrano" sem saber que se tratavam de políticos. Os repasses teriam sido feitos a mando de Valério. "É bonito esse negócio de falar de bando, de quadrilha, até na novela das oito a Carminha disse que ia processar a Rita por formação de quadrilha", disse, referindo-se à novela Avenida Brasil, da TV Globo.

Já o advogado Paulo Sérgio Abreu e Silva afirmou que a gerente financeira da SMP&B, Geiza Dias, era uma "funcionária mequetrefe". Segundo ele, Geiza era uma "batedeira de cheque", preenchendo de 100 a 200 cheques por dia para os sócios da empresa assinarem.

O advogado e ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, que defende Kátia Rabello, disse que um laudo da Polícia Federal atestou que os empréstimos concedidos pelo Banco Rural para duas empresas de Valério e para o PT, no valor de R$ 32 milhões, foram regulares. "O que me impressiona é que o Ministério Público ignorou um laudo desse", criticou. Segundo Dias, Kátia participou apenas da renovação do empréstimo tomado pelo PT, no valor original de R$ 3 milhões. O advogado ressaltou que, quando Kátia assumiu a presidência do Rural, em abril de 2004, teve uma conversa com Valério para cobrar a quitação dos empréstimos. Segundo ele, as renovações eram "sempre trimestrais, como uma forma de pressionar Marcos Valério a liquidar o seu débito".

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