
O senador mineiro Aécio Neves foi eleito neste sábado (18) presidente nacional do PSDB, reforçando sua condição de pré-candidato à Presidência em 2014. A convenção nacional do partido, em Brasília, teve fortes discursos contra o governo federal e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Aécio assume o partido com a tarefa de pavimentar sua candidatura à presidência da República em 2014. Antes disso, porém, caberá a ele unificar a legenda, dividida entre os seus apoiadores e a ala paulista, simpática a uma nova candidatura do ex-governador José Serra.
Como forma de aplacar os ânimos, Aécio abriu espaço na executiva a pelo menos dois "serristas" os paulistas Mendes Thame, como secretário-geral, e Alberto Goldman, como um dos vices. Com as indicações, o tucano tentou selar uma trégua na divisão que assombra o partido, com a constante ameaça de boicote à sua candidatura por parte de José Serra.
FHC defende privatizações, mas não cita candidatura do senador
Em discurso na convenção, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez duras críticas ao governo do PT e defendeu ações de sua gestão, como as privatizações - mas não citou Aécio como candidato da sigla à Presidência em 2014.
FHC afirmou que seu governo "privatizou, sim", mas graças a isso os brasileiros têm acesso a serviços como telefonia celular disponível para todos. "Tivemos coragem. Nós privatizamos. Mas criamos agência que é a Anatel para controlar os resultados.
Agora se orgulham [o PT] de que está havendo avanços nos celulares. Mas se esquecem que, se não tivessem coragem de enfrentá-los, dificilmente teríamos entrado na era da internet", afirmou.Em ataques ao PT, o ex-presidente disse que os petistas jogaram fora a história construída pelos seus adversários. "Aqui há uma vontade de renovação que não joga fora o seu passado. Quando eu vejo isso, eu tenho tristeza. Não tenho revolta, nenhum sentimento pessoal. Por que não reconhecer o que foi feito, que foi feito para brasileiros, por brasileiros, para melhorar o futuro do Brasil?", questionou.
Ataques
Parlamentares também não pouparam críticas ao PT e ao governo da presidente Dilma Rousseff. Alguns deputados da sigla chamaram os petistas de "tiranos" e "irresponsáveis" no governo.
"Esse governo irresponsável e incompetente não pode mais ficar onde está", disse o deputado Izalci Lucas (PSDB-DF). "Temos que tirar esses tiranos do PT que estão no poder", completou o ex-deputado Luiz Carlos Haule (PSDB-PR).
O deputado João Campos (PSDB-GO), presidente da bancada evangélica da Câmara, lançou o nome de Aécio à Presidência. "Hoje vamos eleger o Aécio presidente do PSDB. Mas em 2014, é o Aécio presidente do Brasil".
Prefeito de Manaus (AM), o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) defendeu que o PSDB foque suas ações e campanha para o interior do Brasil, sem priorizar o eleitorado de São Paulo e grandes capitais. "Daqui para a frente, é mergulhar no Brasil. Temos que falar menos para São Paulo, estudar mais a Amazônia, regiões vitais do país que são esquecidas pelos partidos".
No mesmo tom, o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) afirmou que os tucanos precisam se aproximar do eleitorado de baixa renda -principal foco do governo petista. `Nas classes A e B, nós vamos ganhar. Temos que ir para as classes D e E", disse.
O líder do partido no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que teve início a batalha pela volta ao Palácio do Planalto. "Você está preparado para assumir a direção do partido, para prepará-lo para a grande batalha que nos levará novamente ao Palácio do Planalto, ao lado dos nossos amigos, aliados e todo o povo brasileiro". O senador disse, ainda, que o PT está "parando o país, desindustrializando a economia, matando o setor público e matando a Petrobras".
Já o líder tucano na Câmara, Carlos Sampaio (SP), colocou os deputados à disposição de Aécio. "Eu quero dizer a você, Aécio, que esses 50 deputados estão a postos ávidos por tarefas. Queremos levar o nome desse partido a cada canto deste País. Estaremos ombreados com você, Aécio. Vamos lutar muito para que o PSDB volte ao poder. Queremos você presidente da República", disse.



