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O Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, tem movimento intenso nesta quarta-feira, com a transferência de vôos de Congonhas para suas pistas.

Enquanto Congonhas se esvazia, Guarulhos se esforça para absorver os passageiros. Somente a TAM anunciou que transferiu 25 vôos de Congonhas nesta quarta. A Gol montou em Guarulhos uma sala de prioridades, atendendo à determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que determinou que as companhias criem estruturas para orientar os passageiros.

O aeroporto internacional dá sinais de superlotação. Na terça-feira, usuários que desembarcaram de um vôo da Gol vindo de Navegantes, em Santa Catarina, tiveram que esperar na aeronave porque não havia escadas para desembarque. A Polícia Federal também teve que ser chamada para ajudar no desembarque do mesmo vôo. As malas demoraram a aparecer na esteira e houve tumulto entre passageiros e funcionários. Até 18h, Cumbica recebeu 71 vôos transferidos de Congonhas e começou a ficar superlotado.

- A PF teve de ser chamada para intervir no desembarque porque havia muita gente exaltada com o atraso das malas. Ainda no avião, houve confusão com os passageiros que gritavam por causa da falta de escada para descer - explicou o jornalista João Faria, que estava no vôo de Navegantes, onde passou férias com a família.

O vôo dele, que originalmente pousaria em Congonhas, foi desviado para Cumbica. Aos passageiros transferidos, a Gol oferecia transporte gratuito até a zona sul.

- Mas o ônibus só sai quando lota. Depois da espera no avião, ainda tempos que enfrentar o caos em terra para chegar em casa - diz o jornalista, que passou pelo menos 40 minutos no ônibus à espera da lotação completa.

A Infraero afirmou que o número de equipamentos é suficiente em Cumbica e não houve falta para os passageiros. De acordo com a estatal, o problema é que o movimento em Cumbica se intensificou e os viajantes que estão em aeronaves que estacionam fora dos fingers - ou seja, na pista - precisam aguardar a chegada da escada. De acordo com a assessoria de imprensa da Infraero, muitas vezes o equipamento está sendo usado por um avião que está distante e durante o trajeto no pátio é preciso respeitar uma velocidade e um trajeto determinados.

reforço nas lojas para atender os clientes extras mostram que as coisas já começam a mudar em Cumbica. Estacionar também podia levar mais de 45 minutos na tarde desta terça-feira. Isso sem falar nos tradicionais problemas de desinformação que começam a se acentuar. Até soldados do Exército que acompanharam um grupo de estudantes do Projeto Rondon ao Amapá não tinham a menor idéia de como os universitários iam voltar para casa no sul do país.

Quem veio esperar parentes ou amigos vindos do Nordeste e Minas Gerais penou. Houve quem ficasse mais de três horas esperando, sem a certeza de que o vôo já tinha saído de seu destino.

- Estou esperando um vôo que vem de Belo Horizonte desde o meio-dia. Já são mais mais de três horas de espera e o pessoal da Ocean Air não sabe nem dizer se o vôo saiu de Belo Horizonte - disse Regina Zuccato, que mora em Cotia e que diante da demora perdeu o dia de trabalho.

Um vôo que já deveria ter pousado em Cumbica, à tarde, vindo do Rio de Janeiro, também não tinha chegado e nem havia sinal dele.

- Estou esperando uma pessoa que deveria ter chegado ao meio-dia. Confirmei pela internet no site da Infraero onde o vôo constava já ter decolado. Mas até agora ele não apareceu nem no painel e não há qualquer informação de onde esteja o vôo - diz Tereza Mocelin.

Um grupo de adolescentes que voltava da Disney também passou por uma verdadeira peregrinação em São Paulo. Eles desembarcaram às 7h e seguiram para Congonhas, de onde sairiam para Brasília. Por volta das 17h, voltaram para Cumbica porque não havia vôos em Congonhas. A previsão inicial era de que saíssem para Brasília às 19h e esperavam o embarque sentados no chão.

- Estamos há 27 horas sem banho ou comida. Quem gastou todo o dinheiro na Disney, como eu, depende dos amigos para comer - contou Marina Milhomem, de 14 anos.

O especialista em engenharia de transportes Nicolau Gualda avalia que Cumbica não tem capacidade para absorver as transferências de Congonhas neste momento. O aeroporto de Guarulhos também está no limite de operação. A construção de mais dois terminais e da terceira pista, como previsto no plano original, ampliaria a capacidade de Cumbica para 30 milhões de passageiros ao ano. Hoje Cumbica tem dois terminais e duas pistas, com uma capacidade cerca de 15 milhões de passageiros ao ano.

- Cumbica já está em seu limite e não tem capacidade de absorver, de imediato, o excesso de vôos que há em Congonhas. A ampliação já deveria ter sido feita. Teríamos que estar, a essa altura do processo, iniciando as obras em Viracopos, que no futuro pode ter 3 pistas, seis terminais e receber pelo menos 40 milhões de passageiros ao ano - disse o especialista.

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