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Otimismo é bom. É ele que move a humanidade. Mas é ruim quando usado para esconder realidades incômodas. Ontem, por exemplo, o governo festejou os resultados da previsão para a safra de grãos deste ano divulgada pela Secretaria da Agricultura: 20,7 milhões de toneladas, 18% maior do que a colheita passada. No entanto, esqueceu de contar que a safra anterior sofreu uma quebra de quase 20% em razão da estiagem que assolou o Paraná.

Ou seja: ao contrário do que tenta demonstrar a divulgação oficial, não haverá exatamente um crescimento de produção, mas apenas uma volta aos níveis que já eram esperados para a safra anterior. Ainda assim, se o clima continuar ajudando até a época da colheita do atual plantio, que se dará a partir de janeiro ou fevereiro.

Se o calendário for atrasado para 2003, a situação fica ainda pior: nesse ano, de acordo com a mesma fonte, a Secretaria de Estado da Agricultura, o Paraná colheu 30,4 milhões de toneladas de grãos. Em 2004, uma nova seca fez a produção cair para 25,9 milhões de toneladas. Em 2005, nova redução, para 22 milhões de toneladas. E outra em 2006, para 17,5 milhões.

Portanto, se a previsão divulgada ontem se confirmar, segundo a qual colheremos 20,7 milhões de toneladas, revela-se o que se tenta esconder: em quatro safras, a agricultura paranaense diminuiu de tamanho em nada menos de 10 milhões de toneladas!

Culpa do governo do estado? Claro que não. Culpa do tempo que não ajudou, dos preços que caíram, do desestímulo do produtor rural. Mas sem dúvida faria bem ao estado se houvesse maior apoio ao setor.

Velha desconfiança

Até hoje a oposição tem cisma com relação aos hospitais que, na campanha eleitoral, o governador Roberto Requião proclamava que estava "construindo, reformando ou ampliando". Dizia que eram 24 os que passavam por trabalhos do tipo. Os adversários foram atrás e descobriram que alguns deles não passavam de projetos sobre terrenos ainda baldios.

Para esclarecer de vez essa questão, a bancada da oposição na Assembléia conseguiu aprovar requerimento dirigido ao secretário da Saúde, Cláudio Xavier, para que informe detalhadamente "quais as obras previstas na área da saúde, constantes do orçamento em execução (2006), arrolando-as uma a uma, com os respectivos valores totais, tanto as concluídas quanto aquelas em execução e, ainda, aquelas previstas para execução no próximo exercício".Olho vivo

É e não é 1 – Do ouvidor-geral do estado, Luiz Carlos Delazari, a coluna recebeu carta desmentindo a informação aqui publicada de que ele seria testemunha de defesa do policial Délcio Rasera – o araponga que, até pouco antes de ser preso, em setembro, ocupava cargo de assessor no Palácio Iguaçu. Rasera foi acusado pela Procuradoria de Investigações Criminais (PIC) de chefiar uma quadrilha de escutas telefônicas ilegais, da qual participavam também técnicos em telefonia e outros auxiliares.

É e não é 2 – Embora também assessore o governador do estado e freqüente o mesmo Palácio, o ouvidor diz que sequer conhece o réu pessoalmente e, portanto, "nunca teve qualquer tipo de relacionamento com o policial civil preso", fato que "o exclui, inevitavelmente, de qualquer lista de testemunhas favoráveis a Délcio Rasera."É e não é 1 – Na mesma carta encaminhada à coluna, o ouvidor Luiz Carlos Delazari confirma, no entanto, que é, sim, testemunha de defesa de outro réu – que não identifica – envolvido no mesmo processo encabeçado por Rasera.

Distração – O deputado Antônio Anibelli se distraiu durante a sessão de ontem da Assembléia e votou a favor do veto do Executivo contra projeto que ele mesmo havia apresentado. Nesse projeto, o parlamentar propunha a doação de imóveis urbanos do estado ao patrimônio do município de Corumbataí do Sul.

Mais votados – O senador Alvaro Dias está em primeiro lugar e o deputado Gustavo Fruet em 4.º na votação que escolherá os parlamentares com melhor atuação no Congresso Nacional este ano. A promoção é da ong Congresso em Foco, a partir de uma lista de 15 senadores e 25 deputados apontados pelos jornalistas que cobrem o parlamento. Do Paraná, figuram apenas os dois.

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"EXISTE UMA INCOMPATIBILIDADE ENTRE O APETITE POR LUCROS DO MERCADO E A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE."

Do governador Roberto Requião, ontem, em Lyon, França, na abertura da Pollutec, voltando a condenar o plantio de produtos transgênicos.

celso@gazetadopovo.com.br

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