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Doleiro Alberto Youssef confirmou envolvimento com a máfia do imposto de SP. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Doleiro Alberto Youssef confirmou envolvimento com a máfia do imposto de SP.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Operação Lava Jato, disse nesta quarta-feira (24) a promotores criminais de São Paulo e representantes da Corregedoria-Geral da Administração do Estado que pagou propina para fiscais de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), ligados à Secretaria Estadual da Fazenda. Ele prestou o depoimento na carceragem da Polícia Federa l no Paraná, acompanhado por seu advogado.

Os pagamentos, segundo Youssef, teriam sido feitos para que os agentes não cobrassem dívidas da empresa “Pirelli”. O Ministério Público Estadual estima que os valores podem chegar a pelo menos R$ 15 milhões.

A fabricante de pneus Pirelli informou que a empresa citada se refere à Pirelli Cabos Elétricos, que foi sucedida por outra empresa à época dos fatos investigados.

Delação

Após fechar acordo de delação premiada com procuradores federais para colaborar nas investigações da Lava Jato, Youssef revelou em outubro, em um dos vários depoimentos que prestou na PF, o esquema de corrupção envolvendo funcionários públicos do governo paulista.

Investigação está em fase inicial, afirma governo paulista

Questionado sobre a declaração do doleiro Alberto Youssef, que afirmou ter pago propina a fiscais paulistas, o governo de São Paulo, por meio de nota, confirmou que o doleiro foi ouvido por promotores criminais e pela Corregedoria-Geral da Administração em uma diligência em conjunto ocorrida nesta quarta-feira (24), na carceragem da Polícia Federal no Paraná. Informou também que a investigação ainda está em fase inicial e que as informações são sigilosas. Os promotores do Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec) não quiseram dar entrevista.

A fabricante de pneus Pirelli, por meio de assessoria de imprensa, informou que a Pirelli Cabos Elétricos citada por Youssef nos depoimentos foi sucedida pela empresa Prysmian Cabos e Sistemas, com sede em Santo André, no ABC Paulista. Não há nenhuma relação da investigação com a Pirelli Pneus. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo procurou a Prysmian na tarde de ontem, por telefone, mas nenhum representante foi localizado para comentar o caso.

As declarações foram encaminhadas aos promotores do Gedec, grupo do Ministério Público paulista que investiga exclusivamente crimes de lavagem de dinheiro, que iniciou uma investigação em parceria com a Corregedoria-Geral da Administração, vinculada ao Executivo paulista. Nesta quarta, o doleiro foi ouvido oficialmente pela primeira vez nesta investigação.

Youssef ratificou o que disse no primeiro depoimento da delação. Ele revelou que o executivo Júlio Camargo representava a fabricante de cabos elétricos em 2010 e que foi procurado porque a empresa precisava pagar propina a fiscais do ICMS, pois teria dívidas muito altas com o fisco paulista. Camargo é investigado na Lava Jato e também fez acordo de delação premiada.

Por meio de contas do executivo no Uruguai, Youssef conseguiu cerca de US$ 1 milhão. O dinheiro foi transferido para o Brasil para uma conta indicada pelo doleiro. A quantia, cerca de R$ 2 milhões, foi paga em dinheiro a um fiscal de ICMS, em um imóvel localizado na Avenida Nova Independência, na zona sul de São Paulo.

Outro pagamento de propina foi feito pelo doleiro em 2011, atendendo a mais um pedido de Camargo. Desta vez, foi montado um contrato fictício entre as empresas de Camargo e a que se dispôs a pagar propina, que depositou US$ 2 milhões em uma conta no exterior. O dinheiro foi disponibilizado em reais no Brasil e encaminhado a Youssef, que se encontrou novamente com o mesmo fiscal no mesmo endereço do primeiro encontro. O valor pago desta vez foi de R$ 4 milhões, em dinheiro acondicionado em malas.

De acordo com as investigações, outros pagamentos ocorreram ao longo de pelo menos quatro anos. A suspeita dos investigadores é de que o dinheiro não foi dividido apenas entre os fiscais de ICMS e que outros funcionários públicos também participaram do esquema, mas de uma maneira mais discreta.

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