
Só dois entre os 30 deputados federais do Paraná não tentarão a reeleição em outubro. Alceni Guerra e Cassio Taniguchi, ambos do DEM, têm justificativas diferentes para o fim da carreira parlamentar. O primeiro se dedicará às ações de combate ao crack e ao projeto de ser substituído pelo filho, Pedro Guerra, enquanto o outro afirma que não tem o perfil para trabalhar no Poder Legislativo.Taniguchi explica que a decisão não está ligada ao fato de ter participado do governo de José Roberto Arruda (DEM) no Distrito Federal, nem à condenação que sofreu no Supremo Tribunal Federal (STF), em maio. Os ministros consideraram o parlamentar culpado por crimes de responsabilidade cometidos em 1997, quando era prefeito de Curitiba.
Apesar da sentença, ele não foi submetido a qualquer punição porque a pena de três meses de prisão prescreveu em 2004. Graças à prescrição, ele também não foi atingido pelos efeitos da Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de políticos condenados por um colegiado de juízes (como o STF).
"São situações que não me afetaram em absolutamente nada. Aqui em Brasília não houve qualquer coisa que venha a denegrir a minha imagem", justifica. Logo depois de assumir o mandato na Câmara dos Deputados, em fevereiro de 2007, ele se licenciou para assumir o cargo de secretário distrital de Desenvolvimento Urbano.
Taniguchi deixou o governo em dezembro de 2009, por pressão do DEM, mas nunca foi citado nas investigações sobre o mensalão de Brasília. "Faz tempo que eu venho ponderando sobre não concorrer à reeleição. Meu perfil é muito mais ligado ao Executivo. Gosto de fazer coisas que cheguem a um resultado prático."
Sobre o futuro, conta que fará parte do conselho político da campanha para governador de Beto Richa (PSDB). O tucano foi vice-prefeito de Taniguchi entre 2001 e 2004. Eles brigaram antes da eleição municipal de 2004 e o DEM (então PFL) acabou lançando Osmar Bertoldi (DEM) contra Beto, que venceu a disputa no segundo turno contra Ângelo Vanhoni (PT).
Já Alceni afirma que deixa a Câmara para dedicar-se às ações na área de saúde. "Temos 1 milhão de viciados em crack no Brasil, a maior epidemia enfrentada pelo país. Eu, que fui o ministro da Saúde que começou o tratamento público da aids, não poderia me omitir nesta hora."
Aos 65 anos, o médico Alceni pretende deixar a herança eleitoral para o filho, Pedro, 29 anos, que é economista. "Quando alguém tem que passar o bastão para outro, tem de passar em boas condições. É o começo de campanha em que eu estou mais bem posicionado nas pesquisas e acho que posso contribuir para a eleição do Pedro para deputado federal."




