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Plenário da Alep adiou a votação da LDO que previa os 7%. | Pedro Oliveira/Alep
Plenário da Alep adiou a votação da LDO que previa os 7%.| Foto: Pedro Oliveira/Alep

Um dia depois de a Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) reduzir o porcentual que o governo do estado pode remanejar livremente no orçamento de 2016, a Casa se movimentou para voltar atrás na decisão. O texto que rebaixou o índice de 20% para 7% seria analisado em plenário nesta quarta-feira (1.º), mas teve a votação adiada por duas sessões.

Ciúmes da base voltam a pautar a Alep

Os ciúmes de deputados da base em relação à bancada “independente” voltaram a ser motivo de debate na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A reclamação dos governistas é que parlamentares que votaram contra os polêmicos projetos do Executivo no 1.º semestre estariam “apadrinhando” obras do estado. A situação teria ocorrido pelo menos duas vezes, com Chico Brasileiro (PSD), em Foz do Iguaçu, e Marcio Pauliki (PDT), em Ponta Grossa.

Nesta quarta-feira (1.º), o assunto ganhou destaque diante da entrega de 137 ambulâncias, em frente do Palácio Iguaçu. Conforme uma planilha que circulou no plenário, o governo destinou três ambulâncias para cada um dos 33 parlamentares aliados entregarem em suas bases como “pais” do equipamento.

Um dia depois de afirmar que quem optou por ser oposição precisava arcar com o ônus da escolha, o líder do governo na Casa, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), disse que o critério para a destinação das ambulâncias foi unicamente técnico. “O líder do governo está perdoado pelo chilique de ontem”, ironizou Pauliki. (ELG)

Historicamente, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) prevê que 5% das receitas estaduais podem ser remanejadas livremente pelo governo. No fim do ano passado, porém, o Executivo conseguiu aprovar na Assembleia uma emenda à Lei Orçamentária Anual (LOA) elevando o índice para 15% em 2015. Agora, quer aumentar mais cinco pontos porcentuais. O texto da LDO não apresenta justificativa para a medida. Com 20% para remanejar no orçamento sem precisar consultar o Legislativo, o governador Beto Richa (PSDB) teria liberdade para gastar como quiser quase R$ 8,4 bilhões.

Negociações

Na sessão desta quarta-feira, a primeira votação da LDO de 2016 foi adiada, na versão oficial, por um erro formal. Segundo o relator do texto e vice-líder do governo, deputado Elio Rusch (DEM), o texto aprovado pela Comissão de Orçamento estabeleceu que, dos 30% destinados à educação, 25% sejam para o ensino básico e médio e 5%, para o ensino superior. A justificativa foi que só é permitido prever a destinação dos 30% para o setor de maneira geral, sem especificidades.

O líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), no entanto, influenciou no adiamento da votação ao se posicionar contra a redução do remanejamento de 20% para 7%. Nesse caso, a margem de manobra de Richa cairia para R$ 2,92 bilhões. Na visão do peemedebista, o corte é “muito radical”. Ele defende que sejam mantidos, pelo menos, os mesmos 15% previstos no orçamento deste ano, dando ao Executivo R$ 6,26 bilhões para gastar livremente.

Como não é possível emendar o texto da LDO em plenário, Romanelli terá de convencer a Comissão de Orçamento a rever o posicionamento dos 7% de remanejamento. Dos sete deputados do grupo, quatro são governistas, dois se declaram independentes e apenas um é de oposição.

Único oposicionista, o presidente da comissão, Nereu Moura (PMDB), só vota em caso de empate. Mas ele já adiantou que fará de tudo para que o índice de 7% seja mantido. “O apetite desse governo é insaciável”, atacou.

O que pode pesar a favor da posição de Nereu é a leitura de alguns parlamentares da base aliada de que é preciso deixar o governo um pouco dependente da Assembleia, o que não ocorrerá se permitirem que Richa manobre livremente quase um quinto do orçamento.

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