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Base aliada se reuniu (no fundo, à direita) e deixou o plenário. Com a falta de quórum, a sessão teve de ser encerrada. | Pedro Oliveira/ Alep
Base aliada se reuniu (no fundo, à direita) e deixou o plenário. Com a falta de quórum, a sessão teve de ser encerrada.| Foto: Pedro Oliveira/ Alep

Ciúmes de deputados da base aliada em relação à bancada “independente” podem tirar do papel a CPI da Receita Estadual na Assembleia Legislativa do Paraná. Pressionados de todos os lados desde fevereiro, os aliados vêm se queixando do tratamento igualitário dado pelo Executivo a parlamentares que votaram contra os polêmicos projetos do governo. Em discurso da tribuna, o líder governista, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), atacou pesadamente os colegas independentes, que, sentindo-se humilhados, cogitam assinar o requerimento da oposição para a instalação da CPI.

O descontentamento tornou-se público num pronunciamento do primeiro-secretário da Casa, Plauto Miró (DEM). Raro frequentador da tribuna do plenário, o parlamentar usou de ironia ao convidar todos os colegas para a entrega de 137 ambulâncias na manhã desta quarta-feira (1.º), em frente do Palácio Iguaçu. O destinatário do discurso era o independente Marcio Pauliki (PDT), que tem se posicionado como responsável por conseguir cinco leitos de UTI para Ponta Grossa, base eleitoral de ambos. “Venham fazer parte desta festa. Viva o nosso governo, que é democrático e atende a todos”, afirmou Plauto.

Na sequência, Romanelli dispensou a ironia e foi claro ao afirmar que o governo dialoga apenas com os 33 deputados que votaram com o Executivo no dia 29 de abril. Disse que não há cinza na Assembleia, apenas preto e branco, governistas e oposicionistas. “Vocês escolheram um lado e agora arquem com o ônus de ser oposição. Nesta Casa, quem tem capacidade de transformar políticas públicas é quem tem condições de dialogar com o governo.”

Conforme uma planilha à qual a reportagem da Gazeta do Povo teve acesso, o Executivo destinou três ambulâncias para cada um dos 33 parlamentares aliados entregarem em suas bases como “pais” do equipamento.

O recado de insatisfação para o governador Beto Richa (PSDB) ficou mais evidente quando a base aliada deixou o plenário e se abrigou em uma sala ao lado da Mesa Executiva. Com isso, a sessão teve de ser encerrada por falta de quórum para votação.

Revolta

As afirmações de Romanelli desagradaram a bancada independente, que se sentiu humilhada com os ataques do peemedebista. Ao fim da sessão, o porta-voz do grupo, Tercílio Turini (PPS), se reuniu com alguns colegas para tentar convencê-los a assinar a CPI que pretende investigar o milionário esquema de corrupção no Fisco Estadual. “Esse pode ter sido o empurrão que faltava para instalarmos a comissão”, afirmou. Em quase quatro meses, somente dez deputados assinaram o pedido de CPI, que precisa de 18 apoios para sair do papel.

Os independentes, porém, fizeram questão de ressaltar que o aval à investigação não tem qualquer relação com o fato de não serem “presenteados” com as ambulâncias do governo. “Afinal, nenhum de nós esperava recebê-las mesmo”, revelou um deputado do grupo.

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