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O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apresentou na tribuna do Senado, nesta segunda-feira, um relatório sigiloso do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que aponta indícios de lavagem de dinheiro por meio das loterias organizadas pela Caixa Econômica Federal. Pelo esquema, quando o vencedor de um prêmio se apresentava, um funcionário da Caixa ligava para o fraudador, que depositava o valor correspondente. O prêmio era pago e o funcionário ficava com o bilhete sem dar baixa. O fraudador recebia o bilhete e o descontava.

O Coaf, órgão do Ministério da Fazenda, preparou 29 relatórios de casos ocorridos entre 2002 e 2006, que envolvem 75 pessoas e um valor de R$ 32 milhões que podem ter sido lavados pelo crime organizado. Os dados encaminhados ao Coaf teriam sido repassados pela própria Caixa, de acordo com o senador, que apresentou projeto de lei para que a Polícia Federal levante a ficha criminal de ganhadores das loterias, bem como a origem do dinheiro pago, além fazer cadastro e acompanhamento dos vencedores.Relatório denuncia apostador que ganhou 525 vezes

Entre os casos apresentados no relatório, estão o de uma pessoa que ganhou 525 vezes nas loterias da Caixa, recebendo o total de R$ 3,8 milhões, e o de outra que chegou a descontar 107 prêmios em um mesmo dia.

- A maioria deles é de velhos conhecidos da polícia e responde por receptação, estelionato, homicídio, sonegação fiscal, contrabando e outros seis crimes de menor monta -, disse Álvaro Dias, que também é vice-presidente do Senado.

De acordo com Dias, Alguns premiados respondiam a processos como receptação, estelionato, homicídio, sonegação fiscal, contrabando, porte de arma, evasão de divisas, loterias clandestinas, crimes contra o sistema financeiro, declaração falsa e lesão corporal.

- Para não levantar suspeitas, a maioria dos fraudadores preferia ganhos pequenos, de 100 a 300 mil reais. Mas o esquema foi ficando tão fácil que alguns abandonaram a cautela e chegaram a descontar mais de 100 prêmios no mesmo dia - contou o senador.

Álvaro Dias disse ainda que o esquema remete "à época da CPI do Orçamento, quando o deputado Severiano Alves foi investigado e para justificar seus crimes apresentou mais de 100 bilhetes de loteria''. Na verdade, o deputado que alegou ter ganho inúmeras vezes na loteria durante a CPI do Orçamento foi João Alves.

Em nota, a Caixa informou que os documentos se baseiam em informações fornecidas pelo próprio banco. O texto também lembra que a maioria dos pagamentos ocorreu até o ano 2000 e que várias casas lotéricas foram descredenciadas por irregularidades nos últimos anos. A Caixa afirma ainda que cabe ao Coaf acionar os órgãos competentes para investigar os ganhadores suspeitos, já que o banco não possui competência legal para isso.

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