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Dezessete anos após tentar ser o primeiro candidato da história do PMDB à Presidência numa eleição direta, o senador Alvaro Dias (PSDB) faz pela primeira vez revelações sobre sua participação na campanha de 1989. "Nunca contei o que realmente houve. Eu tinha o perfil desejado pela população, estava com tudo para me eleger, mas fui prejudicado dentro do partido", afirma.

A idéia de ser o candidato peemedebista tinha, segundo ele, dois padrinhos fortes. O primeiro era o então presidente José Sarney (PMDB). O outro era o presidente da Rede Globo, Roberto Marinho, que morreu em 2003. "Havia pesquisas do Palácio do Planalto que indicavam que 70% da população queria um candidato jovem, com menos de 45 anos. Além disso, eu também era o governador com a maior aprovação do Brasil", explica.

Alvaro lançou sua pré-candidatura em 1988, logo depois de assumir o governo do Paraná. Incentivado por Sarney, aceitou disputar a convenção do partido com Ulysses Guimarães (favorito absoluto), Valdir Pires (atualmente ministro da Defesa) e Íris Resende (na época, governador de Goiás). O plano do então presidente, de acordo com o senador, era que a candidatura de Resende servisse apenas como fachada para apoiá-lo.

O goiano se sustentaria apenas até um dia antes da eleição. Depois, abriria mão da candidatura em favor de Alvaro. "O problema é que ele se empolgou com uma série de apoios que recebeu e não cumpriu o trato", conta. O resultado foi catastrófico para os planos do então governador do Paraná – ele acabou em último na convenção, recebendo apenas 77 votos. Ulysses foi o candidato do PMDB.

Alvaro relembra que, apesar da derrota, ainda foi procurado outras vezes para ser candidato. Ele afirma que recebeu um convite para ser o nome do PTB na disputa. "Fui procurado pelo Tasso Jereissati (então governador do Ceará) e pelo Geraldo Melo (então governador do Rio Grande do Norte), que me disseram que eu teria o apoio de sete governadores se aceitasse sair pelo PTB", narra.

O convite só foi negado, segundo ele, porque necessitava de uma resposta rápida. "Eu estava no meio do mandato de governador e aquela era uma época muito difícil. Tinha compromissos financeiros assumidos e minha saída repentina poderia ser uma catástrofe para o estado, embora o Sarney tivesse garantido que ajudaria o Paraná", conta.

Sem Alvaro, o candidato petebista foi o atual deputado federal pelo PSDB, Affonso Camargo. Hoje ele avalia sua participação sem empolgação. "Só fui candidato porque era uma decisão partidária. Não queríamos que o PTB apoiasse o Brizola", diz Camargo.

Ele fez apenas 0,6% dos votos. No Paraná, melhorou esse índice para 2% e chegou ao auge em Ponta Grossa, onde atingiu 13%. "Olha, eu sei que nem amigos meus votaram em mim porque sabiam que eu iria perder. E você sabe que brasileiro não vota em candidato que não tem chances de ganhar..."

Sobre uma possível participação de Requião nas próximas eleições, o deputado federal é sarcástico. "Acho que ele pode sim vir a ser candidato. Aí teria o apoio do Hugo Chávez (presidente da Venezuela). Numa dessas, poderia até propor uma fusão entre os dois países", diz ele. (AG)

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