Álvaro Dias volta a tribuna e contesta explicações da Caixa sobre denúncias em loterias

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Dois dias após apresentar indícios de lavagem de dinheiro no pagamento de prêmios das loterias organizadas pela Caixa Econômica Federal, o senador paranaense Álvaro Dias (PSDB-PR) voltou a Tribuna do Senado.

Desta vez, Dias contestou as explicações dadas pela CEF na terça-feira sobre as denúncias feitas por ele, com base em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O superintendente nacional de Lotéricas e Jogos da Caixa, Paulo Campos, disse que não há possibilidade de fraudes dentro do banco. Ele garantiu que a lavagem de dinheiro com prêmios da loteria ocorreu fora do sistema da Caixa e que nenhum servidor está envolvido.

Diante dos demais senadores, Dias disse que "a Caixa apresentou informações contraditórias. Em um primeiro momento respondeu que competia a ela investigar e que, por isso, teria remetido dados ao Coaf. Em um outro momento, o banco declarou, através do superintendente de loterias, que investigou e que não apurou responsabilidade de servidores da instituição", disse. O senador lembrou ainda o caso da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos, que terminou com a queda do ministro da Fazenda Antonio Palocci.

"Todos lembram que, no episódio da quebra de sigilo do caseiro, o presidente da Caixa, agressivamente e autoritariamente, afirmou que nenhum funcionário do banco estava envolvido. Depois se comprovou que o próprio presidente da CEF, Jorge Mattoso, e o Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, estavam envolvidos e deixaram os seus cargos. Não acontecerá, outra vez, o mesmo episódio? Fica a impressão que querem consagrar o conceito de que no Brasil existe o crime, mas não existe o criminoso".

Apesar da denúncias, para Dias é preciso preservar a instituição CEF, mas é importante separar a instituição das autoridades que a administram eventualmente e, também, separar a maioria esmagadora dos funcionários que, de acordo com o senador, são funcionários qualificados, competentes, dedicados e eficientes de outros poucos que podem ser "ovelhas negras".

Soluções para combater o crime

O plenário aprovou, por unanimidade, nesta quarta-feira, o requerimento do senador solicitando ao Tribunal de Contas da União (TCU) auditoria no sistema de pagamentos das Loterias da Caixa para verificar casos de lavagem de dinheiro e também a possibilidade de manipulação dos resultados.

Denúncia

Na segunda-feira, da mesma tribuna do Senado, Álvaro Dias apresentou um relatório sigiloso do Coaf que aponta indícios de lavagem de dinheiro por meio das loterias organizadas pela Caixa. Pelo esquema, quando o vencedor de um prêmio se apresentava, um funcionário da Caixa ligava para o fraudador, que depositava o valor correspondente. O prêmio era pago e o funcionário ficava com o bilhete sem dar baixa. O fraudador recebia o bilhete e o descontava.

O Coaf, órgão do Ministério da Fazenda, preparou 29 relatórios de casos ocorridos entre 2002 e 2006, que envolvem 75 pessoas e um valor de R$ 32 milhões que podem ter sido lavados pelo crime organizado.