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Índio Costa: inauguração em Jacarezinho. | Laycer Tomaz/Ag. Câmara
Índio Costa: inauguração em Jacarezinho.| Foto: Laycer Tomaz/Ag. Câmara

Entrevista

Entrevista com Alvaro Dias, senador (PSDB-PR).

Qual foi a explicação dada ao senhor para essa mudança na escolha do vice?

A explicação do PSDB é que houve um empenho dos democratas. Mas o argumento utilizado como decisivo foi o fim da unidade no Paraná. Havia a perspectiva de uma votação histórica no estado para o Serra. Quando anunciou-se que essa unidade estava desfeita, o DEM ganhou força e expôs o argumento de que nesse caso deveria prevalecer o que é histórico, a participação deles na chapa, como já havia ocorrido duas vezes com o Fernando Henrique e uma vez com Geraldo Alckmin.

Então o fator decisivo para que o senhor não fosse candidato a vice-presidente foi o anúncio da candidatura do Osmar a governador do Paraná?

Exato. Mesmo após a candidatura dele, ainda houve uma tentativa de manutenção do meu nome. Mas a partir daí os argumentos se fragilizaram. O DEM passou a utilizar, ao contrário, o argumento que antes era favorável a mim. Diante disso, o próprio Serra resolveu acolher as ponderações dos democratas. Ele próprio me comunicou dessa forma, de que não tinha mais como aceitar os argumentos deles.

Osmar disse que não teria como não apoiar a sua candidatura a vice. Qual justificativa ele apresentou para o senhor para essa mudança de posição?

Eu não fui comunicado da candidatura dele. Fiquei sabendo da candidatura do Osmar pela imprensa.

E como o senhor se sente de saber disso pela imprensa?

Eu acho que é um direito dele. Eu sempre disse isso a ele, que o projeto dele não implicava uma exigência da minha parte e que eu não comprometeria ou colocaria obstáculo no que ele desejasse fazer. Mesmo que eu fosse prejudicado, sempre disse que não haveria ressentimento.

O senhor se sente prejudicado?

Eu acho que não há razão para me sentir prejudicado. Eu continuo partici­pando do processo político, prestigiado pelo meu partido como nunca fui.

Vai apoiar Osmar na campanha para governador?

É claro que eu vou apoiar o Serra. Eu provavelmente não possa participar da campanha para governador do Paraná. Essa é uma questão ainda a ser analisada. Por um lado eu tenho um irmão e do outro tenho meu partido. Tenho que avaliar como proceder. Neste momento, a poeira ainda não assentou. (AG)

Brasília - Foram-se os Dias, ficou o DEM. Pressionado pelo principal parceiro e surpreendido pela candidatura de Osmar Dias (PDT) ao governo do Paraná, o PSDB aceitou a indicação de um jovem deputado federal carioca para o lugar de Alvaro Dias como vice de José Serra na chapa pre­­­­sidencial. A "novidade" da eleição, como definiu o próprio Serra, é o democrata Índio da Costa, cujo maior feito na carreira foi ter relatado o projeto Ficha Limpa.

Segundo o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, a escolha foi impulsionada pela movimentação política no Paraná. "Com o Alvaro, tínhamos uma estratégia que poderia nos dar até 2 milhões de votos a mais no estado. Só que o Osmar saiu candidato e tudo foi por água abaixo", justificou.

Alvaro havia sido indicado pelos tucanos como nome para a vaga na última sexta-feira. A decisão provocou a revolta do DEM, que ficou sabendo da notícia por meio de uma mensagem no microblog Twitter do presidente nacional do PTB, Roberto Jéfferson. O partido, que indicou o vice nas três vezes que apoiou formalmente o PSDB, brigou o quanto pôde para reverter a situação.

Assim como Guerra, Serra ne­­gou que a pressão dos aliados tenha sido preponderante para a mudança de planos e colocou a culpa em Osmar. "Nós tínhamos uma proposta de alguém [Alvaro] muito preparado, altamente qualificado e que envolvia uma determinada posição política num estado [Paraná]. Infelizmente não deu certo, mas não por nós."

O presidente tucano também afirmou que havia um acordo fe­­chado com o pedetista. "O Osmar disse várias vezes a nós, não apenas uma, duas, dez, vinte ou quarenta, que seria candidato a senador na nossa unidade. Eu espero que ele seja, da próxima vez, um pouco mais afirmativo."

Sobre a escolha de Índio da Cos­­­ta, Serra não conseguiu disfarçar a falta de conhecimento do parceiro indicado pelo DEM. O tucano participou de uma entrevista coletiva no final da tarde em Brasília para anunciar o acordo, mas falou menos de 15 minutos e foi embora. "Quero dizer que o nosso Índio é um político da nova geração, um jovem, mas que já tem experiência na vida pública."

Serra enfatizou a experiência do deputado como secretário municipal de Administração do Rio de Janeiro. "O Índio traz experiências que são importantes, principalmente nessa área de administração, que é uma área árdua do governo." Também elogiou a sua atuação parlamentar e a preocupação com questões ambientais.

Sobre a participação do vice na campanha, Serra disse que ele "fará o contrário de se esconder, vai se mostrar, debater". O tucano também afirmou estar feliz por ter encerrado a longa novela da escolha para a vaga, que começou com a hipótese de contar com o ex-governador mineiro Aécio Neves. "Já tendo o vice eu vou ter muito mais tempo para responder perguntas sobre o que eu vou fazer pelo Brasil", disse.

Pego de surpresa pela indicação, Índio da Costa fez uma comparação com a maior realização política para resumir como se sentia. "Têm me perguntado se a ficha caiu, mas a única ficha que caiu foi a ficha suja, graças ao projeto que eu relatei na Câmara."

O deputado falou apenas um minuto e meio durante a coletiva da própria apresentação como vice, mas disse que está afinado com as propostas de Serra. "Estou à disposição para fazer tudo aquilo que for necessário, dentro da ética, da correção, para a gente ganhar a eleição e transformar esse Brasil em um país de oportunidade para as pessoas."

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