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novo governo

Alvo de críticas, ministro da AGU se reunirá com Temer para discutir possível saída da pasta

Fábio Osório entrou na bolsa de apostas do Palácio do Planalto como próximo ministro que pode ser exonerado do cargo

A reclamação principal do governo interino se deve à postura do ministro no imbróglio jurídico envolvendo o comando da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
A reclamação principal do governo interino se deve à postura do ministro no imbróglio jurídico envolvendo o comando da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

O governo interino de Michel Temer começará a próxima semana com mais uma crise interna na Esplanada dos Ministérios. Nomeado para chefiar a AGU (Advocacia-Geral da União), Fábio Osório entrou na bolsa de apostas do Palácio do Planalto como próximo ministro que pode ser exonerado do cargo.

Em conversas reservadas, o presidente interino tem manifestado insatisfação e irritação com as decisões e o comportamento do ministro, cuja situação é avaliada como delicada por auxiliares e assessores presidenciais.

Além disso, na última semana, Osório se envolveu em uma discussão com oficiais da Aeronáutica enquanto tentava embarcar para Curitiba, na Base Aérea – após ter o pedido negado, ele teria dado uma carteirada nos oficiais, dizendo ter status de ministro de Estado. A confusão, segundo o colunista do jornal O Globo Jorge Bastos Moreno, chegou ao gabinete do presidente.

O peemedebista pretende se reunir na segunda-feira (6) com o advogado-geral para discutir sua situação na pasta.

A reclamação principal se deve à postura do ministro no imbróglio jurídico envolvendo o comando da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação).

O Palácio do Planalto pretendia no mês passado publicar uma medida provisória acabando com o estatuto atual, extinguindo o conselho curador e reformulando o formato da emissora de televisão.

O objetivo era, além de diminuir o tom ideológico do canal governamental, evitar contestações jurídicas sobre a demissão do jornalista Ricardo Melo, afastado do cargo de diretor-presidente pela gestão interina.

Segundo relatos, o ministro segurou a iniciativa para fazer uma melhor análise técnica das mudanças e considerou que havia chances reduzidas da Suprema Corte acatar um recurso da antiga direção.

Na última quinta-feira (2), contudo, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli concedeu liminar autorizando o retorno ao cargo de Ricardo Melo, considerado adversário político do novo governo.

Além do ministro ter adotado uma decisão avaliada como equivocada por assessores presidenciais, desagradou o peemedebista o fato de Fábio Osório ter viajado para participar de evento em Curitiba na semana do ocorrido, em vez de ter ficado em Brasília para liderar a estratégia jurídica.

O presidente interino também ficou incomodado com o fato do ministro ter aberto sindicância sobre a conduta do ex-advogado-geral José Eduardo Cardozo na defesa da presidente afastada Dilma Rousseff no processo de impeachment.

Fábio Osório tomou a iniciativa sem consultar a cúpula do Palácio do Planalto, que considerou a medida desnecessária e um fator a mais de desgaste na relação entre o governo interino e a gestão petista.

Faxina ética

Neste sábado (4), diante dos boatos de demissão, o advogado-geral concedeu entrevista à Rádio Gaúcha. O tom adotado por ele, no entanto, foi avaliado como “arrogante” e “errático”, o que agravou a crise com a cúpula do governo.

Após a conversa, ele foi orientado a não conceder mais entrevistas sobre o assunto e a tratar o tema apenas na esfera interna do governo federal.

Para a emissora de rádio, ele disse ser vítima de “ataque difamatório “ e “especulação mentirosa”. Ele defendeu ainda que o governo interino apure a origem dos boatos e faça uma espécie de “faxina ética” para descobrir a origem deles.

“Eu tenho a convicção de que a cúpula do governo vai apurar de onde partiram esses ataques e vai fazer uma faxina ética dentro da administração, porque tenho convicção é de os ataques partiram de algum lugar que não tem compromisso ético”, disse.

O ministro avaliou que a especulação ocorre no momento em que a AGU ajuizou ações contra empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras na ordem de R$ 12 bilhões e defendeu a viagem que fez a Curitiba para participar de evento de cooperação do governo federal com a Operação Lava Jato.

“Quando se desagrada interesses de poderosos, a estratégia é desconstrução moral. Nós já estamos identificando de onde pode ter partido esse ataque covarde e vamos certamente em momento oportuno trazer à baila os nomes”, disse.

Ele afirmou ainda que não houve uma derrota em relação a EBC, já que será ingressado um recurso. Perguntado se havia telefonado para Temer, o ministro disse que o presidente interino e a cúpula do governo é quem têm de conversar com ele.

Segundo assessores presidenciais, o presidente interino não telefonou para o ministro e pretende deixar o tema em suspenso até segunda-feira (6).

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