O sucessor de Nelson Jobim no Ministério da Defesa, Celso Amorim, enfrentará uma agenda polêmica e as turbulências criadas pelo confronto entre o ex-ministro e o núcleo do governo Dilma Rousseff. Além do impasse com as Forças Armadas com a criação da Comissão da Verdade para apurar crimes cometidos pela ditadura militar (1964-1985), o ex-ministro negociava com o Planalto uma demanda de aumentos salariais para Exército, Marinha e Aeronáutica algo que o Planalto vem dando mostras de que não pretende atender em plena fase de contenção de despesas.
Amorim também terá de negociar os investimentos de R$ 397 bilhões solicitados pelas Forças Armadas. Os militares pretendem ter esse dinheiro até 2030 para a compra de blindados, aviões, navios e submarinos, entre outros equipamentos.
O futuro ministro também terá à sua frente o desafio de implantar o Plano Nacional de Fronteiras um acordo de ações conjuntas com países vizinhos para o combate ao narcotráfico e grupos de guerrilha (as Farc, na Região Amazônica).
Opiniões divididas
O ex-ministro Jobim dividia opiniões entre os militares. Para o coronel Abelmídio Sá Ribas, presidente da Associação dos Oficiais Militares Estaduais do Brasil, o ex-ministro tinha uma postura positiva e brigava para fortalecer as Forças Armadas, mesmo com os cortes orçamentários. Para ele, isso teria acelerado a queda do ministro. "Ele parece ter percebido [que o governo não iria investir nas Forças Armadas] e ficou desconfortável no cargo, assim como está a maioria dos militares."
Já o coronel reformado Geraldo Cavagnari Filho, pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, acredita que Jobim estava adotando uma postura equivocada. "[O novo ministro] não pode entrar chutando o balde como fez o Jobim", disse Cavagnari.




