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O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse nesta terça-feira que o sistema aéreo brasileiro opera no limite e que a agência estuda fazer ajustes nos horários dos vôos brasileiros para evitar problemas como os que vêm acontecendo há quase um mês.

A idéia é transferir parte dos vôos dos horários de pico para horários mais calmos, mesmo que eles tenham pouca demanda por parte dos passageiros. Zuanazzi acrescentou que a agência já está fazendo uma revisão de alguns horários dos vôos para desafogar os aeroportos. Segundo ele, já foram feitos 91 ajustes em 1.340 vôos.

Controladores de vôos de todo o país deram início a uma operação-padrão, após a colisão do Boeing da Gol com o jato Legacy, no dia 29 de setembro, para reivindicar melhores condições de trabalho. A medida tem causado caos nos aeroportos, com atrasos de vôos e longas esperas para os passageiros de todo o país.

- A malha aérea hoje é muito integrada. Se você tem um problema que fecha ou Congonhas ou o Galeão todo o Brasil sofrerá - disse ele, ao chegar para audiência pública sobre o setor aéreo no Senado, da qual participaram o ministro da Defesa, Waldir Pires, o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Luiz Carlos da Silva Bueno, e outras autoridades do setor aéreo.

O presidente da Anac disse ainda que o sistema aéreo sofreu com a falta de investimentos em infra-estrutura no setor nos últimos anos.

- A aviação cresceu 26% no ano passado e 13% neste ano. A economia cresce apenas 3%. Ou seja, o sistema todo acaba no limite - disse ele.

A Anac, as empresas aéreas e a Infraero discutirão na quarta-feira um sistema de informação mais ágil e direto aos consumidores sobre a crise nos aeroportos. O presidente da Anac disse ainda que há muitos problemas na comunicação e observou que nem todos os atrasos são de responsabilidade dos controladores de vôo.

- Tudo agora é culpa dos controladores. Não é bem assim. Há outros problemas que interferem nos atrasos - disse Zuanazzi.

Já o comandante da Aeronáutica afirmou que a situação nos aeroportos do país será normalizada até os feriados do fim do ano.

- Temos gente suficiente para este final de ano, e os passageiros não precisam ficar preocupado' - disse Bueno, também durante a audiência pública no Senado.

Ainda segundo Bueno, até o fim do ano haverá mais 54 controladores de vôo trabalhando. Além disso, 65 novos controladores serão formados no dia 24 de novembro e outros 240 até 2009.

Sobre o acidente envolvendo o Boeing da Gol e o jato executivo Legacy, operado pela ExcelAire, o comandante da Aeronáutica afirmou acreditar que o controle aéreo foi induzido a achar que o jato menor voava a 36 mil pés, como estava no plano de vôo, e não a 37 mil pés, mesma altitude em que voava o Boeing 737-800. Já o chefe do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DCEA), major-brigadeiro Paulo Roberto Vilarinho, disse ainda ter ficado estupefato com o acidente, que para ele era impossível de acontecer .Prejuízos para as empresas

O presidente da TAM e do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), Marco Antonio Bologna, por sua vez, afirmou que a crise nos aeroportos já afeta as empresas. Segundo ele, a ocupação das aeronaves até outubro estava em 72% e em novembro caiu para 66%. Bologna disse ainda que em reunião no Conselho de Aviação Civil (Conac), em 2003, foram estabelecidas 11 resoluções para o setor. Entre elas já havia uma determinação para se formar e contratar mais controladores devido ao crescimento do setor. Bologna disse ainda não acreditar que haja falta de recursos para investimentos no setor, já que as empresas devem pagar este ano cerca de R$ 950 milhões em taxas e terão transportado até o fim do ano 45 milhões de pessoas e três milhões de toneladas de carga.

Audiência pública no Senado sobre a crise no setor aéreo, da qual participaram o ministro da Defesa, Waldir Pires, o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Luiz Carlos da Silva Bueno, e outras autoridades - Agência Senado

O ministro Waldir Pires negou que tenha havido redução de verbas no setor que possa ter prejudicado o funcionamento nos aeroportos.

- Essa informação não é verdadeira. Não houve contingenciamentos que tivessem reduzido a aplicação de recursos de forma significativa e que tivessem tumultuado as condições do tráfego e do controle - disse o ministro durante a audiência.

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