O deputado federal eleito André Vargas (PT) recusou o convite do governador Roberto Requião (PMDB) para ser o novo secretário de Estado do Trabalho. O deputado estadual Nélson Garcia (PSDB) assume a pasta no próximo dia 10.
O motivo da recusa de Vargas foi a disputa por nomeações em cargos de confiança no governo. O petista queria ter autonomia na condução da secretaria. Como o governador resolveu manter Émerson Nerone (PHS) na diretoria-geral, cargo que ele exerceu anteriormente, o deputado federal optou por permanecer em Brasília, onde terá mais moral do que na administração estadual.
André Vargas foi convidado para ser o vice-líder do PT na Câmara Federal e, caso Arlindo Chinaglia (PT) seja eleito presidente da Casa, o deputado paranaense pode assumir a vice-liderança do governo no Legislativo federal. Outro fator que deixa Vargas mais confortável em Brasília é o fato de ele fazer parte da Comissão de Minas e Energia da Câmara e estar próximo a Paulo Bernardo, ministro do Planejamento. "Grande parte das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) passará pelos setores que estarei ligado em Brasília", diz ele.
A decisão de Vargas foi comunicada a Requião ontem à tarde, por telefone, quando o governador o procurou para saber sua posição. Com a resposta negativa, o chefe do Executivo na mesma hora determinou que Garcia tornasse secretário do Trabalho. Até então, o deputado tucano era cotado para Obras Públicas.
André Vargas e o governador nunca se entenderam. Durante os quatro anos como deputado estadual, Vargas foi um dos críticos mais ácidos em relação a Requião e às ações do estado.
Como está
Garcia caiu como uma luva para Requião. O tucano garantiu que não mudará nada na secretaria. Ontem mesmo ele esteve na sede da secretaria fazendo um levantamento completo sobre a situação da pasta, ações que estão em andamento, programas, funcionamento dos núcleos regionais e da Agência do Trabalhador. "Vou estudar tudo antes de assumir", afirmou.
O tucano, que segue para o quinto mandato na Assembléia Legislativa, defendeu a aliança entre o PMDB e o PSDB nas eleições, trabalhou na campanha de reeleição do governador e sempre fez parte da base aliada na Assembléia.
Para o PSDB, a entrada de Garcia no governo pode ser um problema. "Essa não vai ser uma secretaria do PSDB. Vou fazer um trabalho democrático e todos os partidos vão trabalhar comigo e quero que me ajudem."
O ex-secretário de Obras Públicas, Luiz Caron, deve ser rebaixado a assessor especial do governador e será o coordenador da reforma do Palácio Iguaçu. Caron deverá aceitar a destinação, mesmo tendo recebido uma bronca de Requião ao vivo e em público no dia 1.º de janeiro, durante a posse do governador.
No setor de Obras Públicas, o convidado da vez é o primeiro suplente de deputado federal Marcelo Almeida (PMDB), que ainda não deu uma resposta ao governador, o que deve ocorrer até amanhã. O peemedebista foi convidado ainda para retomar a chefia do Detran, cargo que exerceu nos últimos anos. Ele, no entanto, pediu tempo para pensar, pois prefere aguardar e torcer para que o deputado federal Reinhold Stephanes (PMDB) aceite ser secretário de governo da Saúde e abra uma vaga na Câmara.
Ainda ontem Roberto Requião nomeou Vítor Hugo Burko (PL) para presidir o Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Burko foi candidato a vice-governador na chapa do senador Flávio Arns (PT) nas últimas eleições.
A desistência de Vargas para compor o secretariado, segundo o próprio deputado, não atrapalha a relação entre o governo do estado e o PT. O deputado estadual eleito Ênio Verri e Válter Bianchini continuam confirmados como respectivos secretários estaduais do Planejamento e Agricultura.
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