Além dos sucessivos escândalos de corrupção, como o mensalão e os sanguessugas, o troca-troca de partidos marcou o mandato dos parlamentares encerrado à meia-noite desta quinta-feira. A legislatura que começa hoje aparentemente não será muito diferente.
Entre os 513 parlamentares que tomam posse, pelo menos 74 sofrem processos ou investigações criminais revelou o G1 nesta quarta-feira (31). O troca-troca de partido também já começou.
Na edição desta quarta-feira (31), o Jornal da Globo mostra que antes mesmo de iniciar o mandato, 15 deputados já mudaram de legenda, 10 deles rumo à base governista. Na última legislatura, 193 deputados trocaram de partido.
Segundo o Jornal da Globo, até agora, o principal beneficiário das mudanças foi o Partido Republicano, resultado da fusão do PRONA, PL e PT do B.
O deputado buscar Armando Abílio passou oito anos no PSDB. Era secretário de Ação Social na Paraíba e diz que foi convencido a deixar a oposição para atender um apelo do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. Abílio entrou no PTB.
O deputado Vicentinho Alves, que também deixou o PSDB, diz que no Partido Republicano terá mais visibilidade, ocupará cargos em comissões importantes e será vice-líder do partido.
No total, dez deputados ingressaram no Partido Republicano: Maurício Quintella, do PDT de Alagoas; Lucenira Pimentel, do PPS do Amapá; Jofran Frejat, do PTB do Distrito Federal; Sandro Matos, do PTB do Rio de Janeiro; Neilton Mulin, do PPS do Rio de Janeiro; Nelson Goetten, do PFL de Santa Catarina; Vicentinho Alves, do PSDB do Tocantins; Lucio Vale, do PMDB do Pará,e Homero Pereira, do PPS de Mato Grosso.
Três deputados se filiaram ao PMDB: Colbert Martins e Raimundo Veloso, ambos do PPS da Bahia, e Zequinha Marinho, do PSC do Pará.
O PTB recebeu dois deputados: Sabino Castelo Branco, do PFL do Amazonas, e Armando Abílio, do PSDB da Paraíba. No PSB entrou o deputado Laurez Moreira, que estava no PFL do Tocantins.
"Deformação de caráter"
O cientista político Otaciano Nogueira diz que o Congresso não tem interesse em mudar a legislação para estabelecer a fidelidade partidária, e acredita que o troca-troca deve continuar.
"Isso é uma deformação não só de ordem política, partidária, ideológica, mas é também uma deformação de caráter, em último lugar. Porque eles sabem que o mandato no Brasil pertence ao deputado ou ao senador, e não pertence ao partido", avalia Nogueira.
"Aqueles que estão na oposição vão receber muito pouco, os que estão no governo, vão receber muito mais. Então, isso é um sistema de toma lá, dá cá, que lamentavelmente ainda permanece no Parlamento brasileiro".



