
Cravado entre as residências oficiais da presidente Dilma Rousseff e do vice, Michel Temer, fica um hotel. É no Royal Tulip Inn que funciona, há duas semanas, o quartel-general do ex-presidente Lula na luta contra o impeachment. A presença ilustre atrai caravanas de aliados, mas também de inimigos.
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Representantes de movimentos antipetistas, como o Nas Ruas, passaram a se hospedar no local para fiscalizar os movimentos de Lula. Na sexta-feira (15) pela manhã, uma das líderes do grupo, Carla Zambelli, abordou o ex-ministro Gilberto Carvalho e o chamou de “ladrão” na entrada do hotel. Outro alvo foi o primeiro vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), que foi conversar com o ex-presidente.
Entrevistada pela Gazeta do Povo, Carla disse que a decisão de se hospedar no Royal Tulip Inn é uma forma de “o povo investigar o que não está sendo investigado por ninguém” – as negociações supostamente feitas pelo ex-presidente para manter Dilma no poder.
O grupo que ela representa entrou com ações na Procuradoria-Geral da República pedindo a apuração da distribuição de cargos em troca de votos contra o impeachment e no Tribunal de Contas da União pelo uso de emendas parlamentares para o mesmo fim.
“É uma chuva de dinheiro”, descreveu. Ela usava uma camisa com uma imagem do juiz federal Sérgio Moro. Estava acompanhada de uma amiga com uma camisa com a frase “Sou da República de Curitiba”.
Carla lamentou o fato de não ter se encontrado com Lula e disse ter levantado a informação de que o ex-presidente teria se hospedado na suíte presidencial, cuja diária seria de R$ 18 mil – a notícia não foi confirmada.
No balcão, o preço da diária para o quarto aparece em uma tabela como R$ 38.870 e os mais simples, R$ 1.610. Pela internet, no entanto, a reserva mais barata sai por cerca de R$ 300.
Invisibilidade
O Royal Tulip Inn é um dos mais tradicionais pontos de encontro de políticos em Brasília. Principalmente, pela localização – além de próximo dos palácios da Alvorada e Jaburu, está a 10 minutos de carro do Congresso e a 20 do aeroporto. Os funcionários, porém, falam com discrição sobre clientes como Lula.
Os recepcionistas tentam disfarçar, mas confirmam que Lula “mora” no local. Perguntados sobre a possibilidade de um encontro com o ex-presidente no lobby, eles descartam. “Lula entra e sai por outro lugar”, dizem. Que lugar? Afirmam que nem os funcionários sabem direito.










