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Ao não aceitar candidatos sem filiação política nas eleições, o Brasil se torna uma exceção no mundo. Apenas 14 países democráticos rejeitam a candidatura de independentes. Para o sociólogo Caetano Ernesto Pereira de Araújo, isso é influência tanto do formato de votação legislativa usado no Brasil atualmente como da maturidade da democracia brasileira. "As democracias consolidadas tendem a aceitar mais, uma vez que isso quebra o monopólio dos partidos", afirma.

Apesar de, via de regra, não disporem do mesmo espaço na política que candidatos vinculados a partidos, os independentes assumem um papel importante nas eleições de diversos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, eles se tornaram uma alternativa ao que, na prática, se tornou um sistema bipartidário. Figuras como Ralph Nader, ex-membro do Green Party, e o bilionário Ross Perot se destacaram como uma terceira força em eleições presidenciais nos últimos 20 anos.

Além disso, diversos estados já elegeram governadores independentes. O mais recente foi Lincoln Chafee, ex-senador pelo Partido Republicano, eleito governador em Rhode Island no ano passado. Nos anos 90, o estado de Maine elegeu duas vezes o apresentador de televisão Angus King para o cargo mais importante do estado.

Outro caso notável é o da Islândia. A gelada ilha do Atlântico Norte é presidida desde 1996 por um independente, o cientista político Ólafur Ragnar Grímsson. Além disso, a capital, Reykjavik, é comandada pelo ator e humorista Jón Gnarr que, no auge da crise econômica, fundou o partido Besti Flokkurin (em português, "o melhor partido"). Entre os princípios do "partido", criado com a proposta de ironizar a política, estão o não cumprimento de promessas e a garantia de ser sempre abertamente corrupto.

Uma das figuras mais importantes da história recente da Polônia, o sindicalista e vencedor do prêmio Nobel da Paz Lech Walesa foi eleito presidente do país como independente, em 1990. Na época, foi contrário à decisão de alguns de seus ex-companheiros, que decidiram se aliar aos comunistas para governar o país. O Solidariedade, sindicato do qual foi o principal líder, se destacou nos anos 70 e 80 na luta contra o regime comunista polonês.

Em outros países, como no Reino Unido, na Austrália e no Canadá, os independentes ocupam um espaço bastante reduzido nos parlamentos. No entanto, em diversos momentos, ajudam a desempatar questões controversas em momentos de equilíbrio nas votações. Ainda no Reino Unido, Ken Livingstone foi eleito prefeito de Londres, em 2000, sem partido, meses depois de ser expulso do Labour Party – ao qual seria readmitido em 2004 – por brigar com o então primeiro-ministro Tony Blair.

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