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Rangel: "Muitas coisas estranhas a serem esclarecidas" | Nani Gois/Alep
Rangel: "Muitas coisas estranhas a serem esclarecidas"| Foto: Nani Gois/Alep

A conclusão prévia do Instituto de Criminalística a respeito dos equipamentos eletrônicos encontrados no prédio administrativo da Assembleia Legislativa do Paraná indica que eles não faziam escuta. Segundo informações repassadas pelos peritos a alguns deputados, os aparelhos são, na verdade, bloqueadores de sinal de celular. O único grampo confirmado pela perícia estava num aparelho telefônico usado pelo presidente da Casa numa sala anexa ao plenário. Hoje, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, que investiga o caso, vai ouvir o depoimento de quatro pessoas.

Ontem, alguns deputados que integram a CPI estiveram no Instituto de Criminalística, em Curitiba, para fazer perguntas aos peritos e ter acesso aos equipamentos encontrados na sede do Legislativo numa varredura contra grampos, realizada em fevereiro. De acordo com o presidente da CPI, deputado Marcelo Rangel (PPS), a perícia garantiu que o aparelho localizado ao lado do plenário "não servia para outra coisa a não ser fazer escutas clandestinas". Já os demais equipamentos apenas bloqueiam o sinal de celulares e, ao contrário do que suspeitava a administração da Casa, não faziam escutas.

As informações extraoficiais – o laudo final deve ser concluído até o fim desta semana – geraram o receio entre alguns deputados de que a CPI caia no descrédito. Vice-presidente da comissão, Fernando Scanavaca (PDT) afirmou ontem que já está provado que o crime maior – isto é, os grampos – não ocorreu. "Ficou claro que não havia grampos na Casa, que eram o objeto principal da investigação. Mesmo o grampo do plenário era tão rudimentar, segundo o perito, que não tinha condições técnicas de fazer gravações", disse. "Restam agora os itens acessórios: saber quem instalou esses aparelhos, quem comprou."

Para Marcelo Rangel, porém, apesar da confirmação de que apenas um dos quatro aparelhos fazia escutas clandestinas, há uma série de questões que precisam ser esclarecidas. Entre elas, o fato de nenhum dos equipamentos para bloqueio de sinal de celulares e para detecção de escutas licitados e comprados pela Assembleia no ano passado estar entre os aparelhos encontrados na varredura. "Os equipamentos localizados na Casa eram irregulares, não tinham selo de patrimônio nem autorização da Anatel para estarem ali", disse Rangel. "Se eram apenas bloqueadores, por que estavam escondidos na luminária? Há muitas coisas estranhas a serem esclarecidas, como a suspeita de que gabinetes de deputados também estariam grampeados."

Na reunião de hoje da CPI, o depoimento mais esperado é o de Marcos Aurélio Menestrina, proprietário da empresa vencedora da licitação para a compra de equipamentos para bloqueio de sinal de celulares pela Assembleia. Adquiridos no ano passado, os aparelhos, que não foram localizados na Casa, custaram R$ 24,3 mil – oito vezes mais do que o preço de mercado, que é de R$ 2,6 mil. Além disso, a compra está sob investigação da Anatel, uma vez que esses equipamentos podem ser usados apenas em presídios, com autorização do Ministério da Justiça.

Também prestarão depoimento hoje o ex-coordenador técnico da Assembleia Francisco Ricardo Neto, que solicitou a licitação; Eron Abboud, ex-diretor-geral, que autorizou a compra; e Antonio Carlos Walger, técnico da empresa Embrasil que comandou a varredura no início de fevereiro.

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