A transparência digital não chegou ao Legislativo em metade das cidades paulistas. Para conferir, basta acessar a internet. Levantamento realizado pelo Estado entre 28 de janeiro e 14 de fevereiro mostra que, das 645 Câmaras Municipais de São Paulo, apenas 50% têm endereço eletrônico para divulgar informações dos mandatos. E entre as conectadas à internet, um total de 101 têm sites que estão abandonados ou que não apresentam dados relevantes para o cidadão - ao custo de até R$ 700 mil.
Ao todo, em 404 municípios paulistas não se sabe o que será votado pelos vereadores, porque a ordem do dia não está disponível. Balancetes e relatórios fiscais, que deveriam esclarecer os gastos das Casas Legislativas, não são publicados. E o pior: não é possível contatar os vereadores para reclamar, porque seus telefones e e-mails não são divulgados para o visitante. Em alguns casos, os sinais de abandono ultrapassam a simples falta de conteúdo. Na pequena Cajuru, no norte do Estado os esforços por transparência na gestão da Câmara Municipal parecem ter congelado no tempo. "Em breve estará disponível o balanço geral de 2005, aguadem (sic)", avisa seu site.
O endereço eletrônico da Câmara de Estiva Gerbi, também no norte paulista, sofre dos mesmos sintomas. O cabeçalho da página inicial tem reservado o que seria o espaço para a mensagem do presidente da Casa. No entanto, está ocupado por uma digitação incoerente - "Flksjaflkjasd fljsadfçlkasjdf" -, e ainda aguarda ser substituído. O custo de cada um desses 101 sites, segundo empresas que prestam serviços de tecnologia da informação para Câmaras Municipais, chega a R$ 7 mil em modelos mais simples. E para manter as informações online, é preciso pagar ainda um servidor de dados, que custa até R$ 150 mensais.
O cálculo total do desperdício de dinheiro público chega a pelo menos R$ 700 mil, aplicados a fundo perdido no mundo virtual, sem contar os R$ 150 mil anuais para manter os sites inoperantes online. Valores que, para a Câmara de Chavantes, na divisa com o Paraná, serviram apenas para divulgar antigos relatórios de gestão fiscal da Casa, e para inserir um gerador automático de notícias, que apresenta inadvertidamente manchetes do reality show Big Brother Brasil.
-
Censura clandestina praticada pelo TSE, se confirmada, é motivo para impeachment
-
“Ações censórias e abusivas da Suprema Corte devem chegar ao conhecimento da sociedade”, defendem especialistas
-
Elon Musk diz que Alexandre de Moraes interferiu nas eleições; acompanhe o Sem Rodeios
-
“Para Lula, indígena só serve se estiver segregado e isolado”, dispara deputada Silvia Waiãpi
Deixe sua opinião