Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Adeus, Justiça

Após anunciar a aposentadoria no STF, Barbosa é assediado por partidos

PSB e PMDB fazem convites informais para o presidente do Supremo se filiar às siglas. PSDB elogia o ministro. Apesar disso, ele não pode concorrer neste ano

Barbosa dá entrevista: siglas se animaram a convidar o ministro a ingressar na vida partidária e a disputar eleições no futuro | Fellipe Sampaio/STF
Barbosa dá entrevista: siglas se animaram a convidar o ministro a ingressar na vida partidária e a disputar eleições no futuro (Foto: Fellipe Sampaio/STF)
 |

1 de 9

 |

2 de 9

 |

3 de 9

 |

4 de 9

 |

5 de 9

 |

6 de 9

 |

7 de 9

 |

8 de 9

 |

9 de 9

O anúncio da aposentadoria do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, provocou uma corrida para assediá-lo a ingressar na política partidária. Cotado até o início do ano para concorrer à Presidência da República, Barbosa não pode mais disputar a eleição deste ano porque teria de deixar o Supremo até abril para se filiar a uma sigla a tempo de se candidatar. Apesar disso, ele é visto como um poderoso cabo eleitoral e um potencial candidato no futuro. Por isso, líderes de pelo menos dois grandes partidos – PSB e PMDB – já anunciaram ontem que gostariam de tê-lo entre seus quadros. E o PSDB fez elogios públicos ao ministro.

ESPECIAL: Joaquim Barbosa retratado pelo chargista Paixão

O pré-candidato a presidente da República Eduardo Campos afirmou ontem que, se Barbosa pensar em se filiar a algum partido, tentará usar amigos em comum que tem com o presidente do STF para aproximá-lo do PSB. "Qual é o partido que não gostaria de ter um quadro como Joaquim Barbosa filiado?", questionou Campos. "No dia que ele deixar o STF, a partir do dia seguinte, é que começa a possibilidade de se conversar", afirmou o pré-candidato.

Outro "convite" explícito a Barbosa veio do PMDB. "Todo homem honrado tem espaço em qualquer partido político, inclusive no PMDB. Mas ele [Barbosa] nunca procurou o PMDB", disse o senador Vital do Rego (PMDB-PB). O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG), não "convidou" Barbosa a virar tucano. Mas tratou de elogiá-lo. Disse que ele fez "muito bem à Justiça" brasileira.

O presidente do STF anunciou que deixará a corte no fim de junho. A partir daí, já como um magistrado aposentado, poderá se filiar a qualquer legenda, caso seja seu desejo. A legislação proíbe que juízes tenham atividade partidária.

Segundo relatos de parlamentares que se encontraram ontem pela manhã com Barbosa, quando ele anunciou a aposentadoria, o presidente do STF teria descartado a possibilidade de concorrer a cargos eletivos. "Política? De jeito nenhum!", teria dito quando questionado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Mudança de opinião

Apesar disso, Barbosa já havia se pronunciado publicamente, no início do ano, sobre não descartar a possibilidade de algum dia disputar uma eleição, mas não a de 2014. A declaração foi dada após se tornarem públicas, em fevereiro, especulações de que o ministro anteciparia sua aposentadoria no STF para se candidatar neste ano. O presidente do Supremo tem 59 anos e poderia ficar no Supremo até os 70, quando teria de deixar compulsoriamente a corte.

Na época, Barbosa confirmou a vontade de antecipar a aposentadoria. Mas negou que pretendesse concorrer em 2014. Como os magistrados não podem se filiar a partidos, ele teria de deixar o STF no início de abril para ingressar em uma sigla e, assim, cumprir a lei eleitoral para poder concorrer a um cargo eletivo neste ano. Apesar disso, Barbosa não descartou na ocasião o interesse em disputar eleições no futuro – fator que anima os partidos a assediá-lo agora que ele estará fora do Supremo.

Palestras

Joaquim Barbosa não deu ontem declarações públicas sobre o destino que pretende tomar após a aposentadoria. Mas, na visita ao Congresso ontem pela manhã, teria comentado com bom humor: "Vou fazer como o Lula. Vou dar palestras".

Para petista, ministro estava "isolado" e "sem amigos" no STF

Das agências

Ao contrário de integrantes de outros partidos, líderes do PT criticaram o presidente do STF, Joaquim Barbosa – um dos principais responsáveis pela condenação à cadeia da antiga cúpula do partido no processo do mensalão. Congressistas do PT afirmaram que o ministro agiu politicamente no processo do mensalão e julgou o caso com "ódio". Também disseram que Barbosa estaria "isolado" na corte – motivo que o teria levado a deixar o tribunal.

Líder do PT na Câmara Federal, o deputado Vicentinho (SP) disse que "muita gente já está estourando champanhe" para comemorar a saída do ministro. Mas o deputado frisou que nem ele nem o PT participarão "dessa festa". "Não é uma pena isso? Ficar completamente isolado. Sem amigos? Para mim não dá raiva, dá pena", ironizou.

Vicentinho ainda questionou a postura de Barbosa como presidente do STF. "A postura dele não foi uma postura de quem é de fato um estadista no Poder Judiciário. [Ele teve] Postura de ódio que não caberia a um juiz." O deputado afirmou que sua principal crítica a Barbosa está ligada "à questão do ódio, da intolerância" adotada pelo ministro no comando da corte. "Imagine agora a decisão tomada com os presos. Por causa dos condenados na AP 470 [ação do mensalão], impedir que todos os presos do Brasil tenham um direito recorrente, uma prática usual do benefício da liberdade do semiaberto?", questionou. Barbosa recentemente vetou o trabalho externo, durante o dia, para oito mensaleiros condenados ao semiaberto.

Segundo Vicentinho, se Barbosa apoiar algum partido na campanha eleitoral deste ano, irá perder a credibilidade sobre suas decisões no mensalão. "Desmorona toda uma tese de que ele não teve influência política na hora da ação penal 470 [o processo do mensalão]. Se isso se confirmar, mostra que todo o procedimento, carregado de ódio, politizado se confirma aquilo que nós desconfiávamos. Mas tomara que não seja isso", disse.

Charges de Paixão sobre Joaquim Barbosa

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.