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Corredor do Senado: proposta de reforma administrativa surgiu após escândalo que revelou que a Casa mantinha 181 diretorias | Roosevelt Pinheiro/ABr
Corredor do Senado: proposta de reforma administrativa surgiu após escândalo que revelou que a Casa mantinha 181 diretorias| Foto: Roosevelt Pinheiro/ABr

Entrevista

"Quando há interesse político, as coisas andam"

Ricardo Ferraço (PMDB-ES), senador

Relator da subcomissão que avaliou no ano passado a reforma administrativa do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES) diz que falta "vontade política" para aprovar a proposta. O texto dele vai ser apresentado na CCJ como voto em paralelo ao do atual relator, Benedito de Lira (PP-AL).

Por que a reforma administrativa anda tão devagar?

Anda devagar por falta de vontade política. Por falta de comprometimento com os avanços necessários à nova estruturação do Senado. Aqui, quando há interesse político, as coisas andam.

O sr. fala em uma economia de R$ 150 milhões ao ano com a reforma. O Senado está perdendo dinheiro por essa demora?

Se aprovado o nosso projeto, teremos uma economia anual de R$ 150 milhões. Amanhã [hoje] teremos uma nova oportunidade para esse debate na CCJ.

Quais são os maiores exemplos de desperdício no Senado?

Nós temos um conjunto de unidades, de departamentos, que precisam ser reinventados. Você pega a gráfica do Senado. É gigantesca. É um exemplo de estrutura que precisa ser repensada. Com a internet e a possibilidade de digitar quase tudo não é mais necessário produzirmos tanto papel.

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  • Ricardo Ferraço (PMDB-ES), senador(Leia a entrevista no quadro abaixo)

Três anos após a revelação de que mantinha 181 diretorias, incluindo as de "garagem" e de "check-in" no aeroporto de Brasília, o Senado permanece sem aprovar uma reforma administrativa que racionalize sua gestão e, principalmente, seus gastos. O Projeto de Resolução n.º 96/2009, que começou a tramitar por iniciativa do presidente José Sarney (PMDB-AP) como uma resposta ao escândalo, permanece emperrado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) desde junho de 2011. A proposta é o primeiro item da pauta de votação da reunião de hoje da CCJ, mas ainda há dúvidas se será realmente votada.

Duas sugestões seguem em discussão: uma com mais e outra com menos cortes. O parecer do relator do projeto na CCJ, Benedito de Lira (PP-AL) é o mais brando. Ele sugere que as funções comissionadas – ocupadas por servidores efetivos – sejam reduzidas de 2.072 para 1.309 (menos 36,8%) e que os cargos em comissão (de livre escolha dos senadores) passem de 1.499 para 1.237 (redução de 17,4%).

A proposta se contrapõe ao parecer de Ricardo Ferraço (PMDB-ES),que será apresentado como um voto em separado na CCJ. Para o peemedebista, o número de funções comissionadas deve ser de 914 (55,8% a menos que as atuais). Já os cargos em comissão deveriam ser 1.219 (menos 18,6%). O texto de Lira prevê uma economia de R$ 140 milhões por ano com os cortes. A proposta de Ferraço fala em uma redução dos custos na ordem de R$ 150 milhões anuais.

Diretorias

A redução no número de diretorias do Senado também está prevista na reforma administrativa do Senado. A proposta de Ferraço prevê que elas sejam reduzidas a sete. Durante o desdobrar da crise de 2009, a Casa chegou a anunciar que tinha 136 diretorias, depois passou para 181. Por último, técnicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) – que fizeram um levantamento da estrutura da Casa ao custo de R$ 500 mil – fixaram o número em 41. Segundo o então primeiro-secretário da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI), as demais assessorias e órgãos de coordenação tinham apenas "status" de diretoria.

Graças ao "status", porém, os funcionários recebiam gratificações que variavam entre R$ 2.604,01 e R$ 2.229,13. Em março de 2009, Sarney chegou a anunciar o corte imediato de 50 desses postos. Além disso, uma primeira versão do levantamento da FGV sugeria cortes nas funções comissionadas de 622 para 435, o que geraria uma economia de R$ 650 mil mensais, mas não previa redução dos salários.

Um mês e meio depois do anúncio de cortes feito por Sarney, uma reportagem da Agência Brasil mostrou que 21 dos 50 cargos de direção que deveriam ser extintos continuavam a existir. Entre eles estavam a Coordenação de Administração de Resi­­­dências (conhecida como "diretoria de garagem", por funcionar no subsolo de um prédio funcional) e a Coordenação de Apoio Aeroportuário (conhecida como "diretoria de check-in", por facilitar o acesso dos parlamentares ao aeroporto de Brasília).

Cronologia

Proposta de reforma administrativa surgiu como resposta à revelação de que havia mais de dois diretores por parlamentar no Senado:

2009

• Março – Reportagens revelam que o Senado mantém 136 diretorias, em resposta, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), encomenda à Fundação Getúlio Vargas (FGV) um estudo sobre o assunto. O Senado confirma que, na verdade, seriam 181 diretorias. Sarney pede a extinção imediata de 50, mas 21 delas continuam funcionando até um mês e meio depois.

2010

• Uma subcomissão especial sobre a proposta termina seu primeiro relatório, de autoria do então senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

2011

• Março – Com a troca de legislatura, Jereissati não se reelege e a subcomissão é reformulada. Ricardo Ferraço (PMDB-ES) é escolhido novo relator da proposta.

• Agosto – O projeto segue para a Comissão de Constituição e Justiça. Em setembro, Benedito de Lira (PP-AL) é escolhido relator.

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