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Alfredo Nascimento (2º da esq. para a dir.) vistoria obra: permanência do ministro na pasta ficou complicada após  denúncia de que integrantes de seu partido, o PR, cobravam propina de 4% a 5% nas obras de rodovias e ferrovias | Antônio Cruz / Abr
Alfredo Nascimento (2º da esq. para a dir.) vistoria obra: permanência do ministro na pasta ficou complicada após denúncia de que integrantes de seu partido, o PR, cobravam propina de 4% a 5% nas obras de rodovias e ferrovias| Foto: Antônio Cruz / Abr

Quatro integrantes da cúpula do Ministério dos Transportes foram afastados de seus cargos por causa da denúncia da revista Veja desta semana de que eles fariam parte de um suposto esquema de propina montado para irrigar os cofres do Partido da República (PR) com um porcentual entre 4% e 5% do valor de obras de rodovias e ferrovias.

Perderam os cargos o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot; o presidente da Valec Engenharia, José Francisco das Neves, o Juquinha; o chefe de gabinete do Ministério dos Transportes, Mauro Barbosa Silva; e o assessor Luís Tito Bonvini.

Os quatro foram informados sobre o afastamento, no sábado, pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. O afastamento deve ser oficializado hoje pela presidente Dilma Rousseff – que, segunda a Veja, já teria ciência há algum tempo das denúncias no ministério. A situação do próprio ministro, que é presidente do PR, também estaria insustentável. Para tentar evitar que seja demitido, foi Nascimento quem telefonou para a presidente e sugeriu o afastamento dos quatro. Ele ainda informou que pedirá àControladoria-Geral da União (CGU) para abrir uma sindicância. Mas a oposição pediu a demissão de Nascimento e fala em abrir uma CPI.

De acordo com a Veja, o esquema montado era baseado na cobrança de propinas de 4% das empreiteiras e de 5% das empresas de consultoria que elaboram os projetos de obras em rodovias e ferrovias. Em troca do pagamento da propina, os fornecedores teriam garantia de sucesso nas licitações e seriam beneficiados com superfaturamento de preços.

Segundo a revista, a maior parte da verba desviada teria como destino o PR e uma parcela seria distribuída aos parlamentares da legenda nos estados em que a obra era realizada. O comandante informal do esquema seria o deputado federal Valdemar da Costa Neto (SP), secretário-geral do PR.

Segundo a denúncia, além de cobrarem propina, os integrantes do PR ainda trabalhavam para inflar o custo das obras, o que elevaria seus ganhos. Esse crescimento do orçamento dos empreendimentos teria levado a presidente a convocar a cúpula dos Transportes para fazer cobranças pesadas. "Vocês ficam insuflando o valor das obras. Não há orçamento fiscal que resista aos aumentos propostos pelo Ministério dos Transportes. Eu teria de dobrar a carga tributária do país para dar conta", teria afirmado a presidente.

Entre os dados que irritaram Dilma, está o crescimento de 38% no orçamento de ferrovias em menos de um ano, de R$ 11,9 bilhões para R$ 16,4 bilhões, e um orçamento de R$ 1 bilhão para um trecho de 270 km da BR-116 entre Eldorado do Sul e Pelotas (RS).

Dilma teria dito ainda à cúpula do ministério que eles precisavam de babá, e que agora passariam a ter três: "a Miriam, a Gleisi e eu". Ela se referia à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, coordenadora do PAC, e à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

Ontem, Valdemar divulgou nota afirmando que o partido apoia as investigações abertas pelo governo. Ele também admitiu que participou de reuniões no ministério para tratar de obras, embora seja deputado e não tenha nenhum cargo na pasta. Mas negou que o PR esteja envolvido e informou que o partido irá processar a Veja.

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