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Trajetória controvertida |
Trajetória controvertida| Foto:

Vítima de acidente vascular cerebral (AVC), o deputado federal Clodovil Hernandes (PR-SP), de 71 anos, morreu ontem no Hospital Santa Lúcia, em Brasília. Ele teve morte cerebral diagnosticada às 15h15 pelo hospital, onde estava internado desde a manhã de segunda-feira.

O corpo do parlamentar será levado hoje, em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), para São Paulo, onde será velado a partir das 11h30. O sepultamento está marcado para o fim da tarde, no cemitério do Morumbi. Quem assume sua vaga na Câmara é o suplente Jairo Paes Lira, do PTC de São Paulo.

Como Clodovil havia manifestado, em vida, intenção de que seus órgãos fossem doados, uma equipe retirou a córnea, rins, fígado e coração do deputado para doação. Mas a viabilidade do transplante seria avaliada na madrugada. A autorização para a doação foi dada por amigos e promotores, pois Clodovil não tinha mais parentes vivos.

Na segunda-feira, o parlamentar teve uma parada cardiorrespiratória de cerca de cinco minutos. Ele foi encontrado desacordado no chão do apartamento onde mora, por assessores. Já internado, Clodovil foi submetido a um procedimento de inserção de cateter para reduzir o coágulo de sangue no cérebro. Mas isso não evitou sua morte.

Clodovil vinha tendo problemas de saúde já há alguns anos. Há seis meses, ele se internou no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, em decorrência de uma embolia pulmonar. Em 2007, ele sofreu um ACV leve que causou uma pequena paralisia no braço direito. Em 2005, teve câncer de próstata e retirou o tumor em uma cirurgia.

Personalidade forte

Eleito com 493.951 votos, o estilista e apresentador de televisão Clodovil assumiu a cadeira na Câmara em 2007, chamando a atenção desde o início por suas roupas, declarações e reforma em seu gabinete. Na posse, por exemplo, usou chapéu e bengala e um terno claro – a maioria dos colegas usou cores escuras.

Mal tomou posse, o parlamentar fez uma reforma no gabinete: colocou uma cobra no pé da sua mesa, espalhou obras de arte pelo local, além do brasão da República em almofadas. Na ocasião, ele disse que a cobra se chamava Marta – mas negou que fosse uma referência a Marta Suplicy, com quem havia rompido relações após ter trabalhado com ela, na década de 80, no programa TV Mulher, da Rede Globo.

Clodovil se envolveu em várias polêmicas ao longo de seu mandato parlamentar. Em maio de 2007, durante discussão com a deputada Cida Diogo (PT-RJ), ele chamou a colega de "feia". "Digamos que uma moça bonita se ofendesse porque ela pode se prostituir. Não é o seu caso. A senhora é mulher feia", disse Clodovil. "Agora, eu tenho culpa se ela nasceu feia?"

Afirmando ser autônomo politicamente, Clodovil também não se censurava em relação a temas controvertidos. Após uma entrevista com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em um programa de televisão em que ele era o entrevistador, o deputado reclamou da conduta feminina na sociedade atual. "As mulheres ficaram muito ordinárias, ficaram vulgares, cheias de silicone", disse. "As mulheres trabalham deitadas e descansam em pé."

Há dois anos, o deputado foi retirado de um voo que ia de Brasília rumo a São Paulo. Na ocasião, Clodovil se desentendeu com um dos passageiros numa discussão por causa de assento. Segundo relatos, o parlamentar disse que teria prerrogativas por ser deputado federal e idoso.

Projetos

Deputado federal de primeiro mandato, Clodovil apresentou 17 projetos e uma proposta de emenda à Constituição (PEC) após ter assumido o mandato em 2007. Nenhuma delas foi aprovada até o momento. Por meio de uma PEC, ele sugeriu a redução do número de deputados federais, de 513 para 250.

A proposta que mais avançou foi a que autoriza o enteado a adotar o nome de família do padrasto. A proposta tramita na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Filho adotivo, ele propôs ainda criação do Dia da Mãe Adotiva – que seria comemorado no terceiro domingo de maio.

O deputado também apresentou uma proposta que torna obrigatório e gratuito o exame de próstata em homens com mais de 40 anos. O parlamentar ainda sugeriu que o governo federal mantenha um serviço de atendimento médico, psicológico e social para as vítimas de violência sexual.

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