• Carregando...
Após ser velado em Sergipe, o corpo de Marcelo Déda foi levado para Salvador, onde será cremado | Marcelle Cristinne / Agência Sergipe de Notícias / Divulgação
Após ser velado em Sergipe, o corpo de Marcelo Déda foi levado para Salvador, onde será cremado| Foto: Marcelle Cristinne / Agência Sergipe de Notícias / Divulgação
  • Marcelo Déda será velado em Aracaju e cremado, no fim da tarde desta terça (3), em Salvador

O corpo do governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), será cremado numa cerimônia para amigos e familiares nesta terça-feira (3) no Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador. Déda morreu em São Paulo na madrugada desta segunda (2), aos 53 anos, em decorrência de complicações de um câncer gastrointestinal.Após 15 horas de velório, que foi aberto ao público às 22h de terça (horário de Brasília) e seguiu até às 13h desta terça, o governador foi homenageado com honras militares.

Parte das cinzas do governador licenciado de Sergipe serão jogadas na praia do Abaís, em Estância, a 67 quilômetros da capital; outra será enterrada próxima a uma árvore plantada por ele e pela família, no Parque Augusto Franco (conhecido como Parque da Sementeira), na zona sul de Aracaju, em 2006, quando ele era o prefeito; e o que restar das cinzas ficará a cargo da família.

A cerimônia de velório foi acompanhada por milhares de sergipanos na praça Fausto Osório, que fica em frente ao Palácio Museu Olímpio Costa, onde o corpo foi velado. A Polícia Militar não tem uma estimativa de quantas pessoas estavam lá.

Em seguida, o caixão foi carregado para um carro do Corpo de Bombeiros, que seguiu em cortejo até o aeroporto internacional Santa Maria. O caixão será levado a Salvador num avião da Força Aérea Brasileira.

Homenagens

Durante a madrugada, longas filas contornavam o Palácio Museu Olímpio Costa. Com faixas e bandeiras, militantes do PT fizeram vigília em frente ao local, cantando gritos de guerra de campanhas eleitorais.

O velório foi antecedido de uma cerimônia fechada para a família e amigos que contou com a participação da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente afirmou que Déda, "que se dedicou aos mais pobres e lutou para transformar o nosso país", deixará um "grande vazio" na política brasileira.

Também participaram os governadores Cid Gomes (Pros-CE) e Jaques Wagner (PT-BA), o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, além dos ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Aloizio Mercadante (Educação). Na manhã desta terça, estiveram no velório o governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) e o senador Humberto Costa (PT-PE).

Livro

O irmão de Marcelo Déda, o desembargador Cláudio Déda, presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe, disse que "é uma perda incomensurável para a família. Ele se dedicou muito a sua família dando bons exemplos. Apesar de ser mais velho que ele, quase 15 anos, ele discutia muito comigo a respeito de política nacional e mundial. Ele foi muito culto, gostava de ler bons livros e no início de sua carreira, eu o incentivei a deixar a política, porque a considerava muito ingrata, pensava eu. Meu avô sofreu muito e eu não queria que ele tivesse a mesma colocação de meu avô. Mas ele deixou muita coisa boa, realizou muitas obras estruturantes para o povo mais pobre de Sergipe"

A Presidência da República anunciou que lançará um livro de poesias de Marcelo Déda, a pedido dele próprio. Também já está sendo pensada a criação de um instituto que levará o seu nome. O subsecretário de Desenvolvimento Energético, José Oliveira Júnior, disse que esse instituto será pensado com familiares e amigos mais próximos. "Uma instituição na qual se possa preservar o arquivo pessoal e manter seu legado de valores, de práticas políticas, de credo, o seu ideário político", disse Oliveira.

Perfil

Casado duas vezes, o governador deixa quatro filhos. Advogado formado pela Universidade Federal de Sergipe, o político estava no segundo mandato. No seu lugar assumirá o vice-governador, Jackson Barreto, do PMDB.

Natural do município de Simão Dias, Déda milita na política desde a década de 70, nos movimentos secundaristas, quando conheceu o então dirigente sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Militante do Partido dos Trabalhadores (PT), no início dos anos 1980, Marcelo Déda foi fundamental na consolidação da legenda no estado.

Em 1985, o PT decidiu lançar o nome de Déda para concorrer às eleições municipais de Aracaju, com o objetivo de se firmar como um partido nacional. Na época, com 25 anos e sem recursos para a campanha, o candidato fez todos os programas eleitorais gratuitos de televisão ao vivo e apenas com a bandeira do partido na parede do cenário, montado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

"A lei me facultava fazer ao vivo, então eu ia cru, pregava uma bandeira com durex e estava pronto o cenário do ‘ao vivo’. Aquilo que era uma desvantagem virou uma vantagem porque me transformei no âncora do programa eleitoral", relatou o governador de Sergipe em sua página oficial na internet.


Na eleição municipal, mesmo com recursos para a confecção de 5 mil cartazes, Déda ficou em segundo lugar com quase 19 mil votos. Logo em seguida foi eleito deputado federal por Sergipe.

Um ano depois, ele foi eleito deputado estadual com mais de 32 mil votos. O revés eleitoral ocorreu em 1990, quando tentou se reeleger para uma das cadeiras da Assembleia Legislativa. Acusado de ter priorizado as atividades legislativas em detrimento dos movimentos sociais, Marcelo Déda obteve 10% dos 33 mil votos que o elegeram em 1986.

Em 1994, foi eleito para a Câmara dos Deputados e, em 2000, conquistou o primeiro mandato de prefeito de Aracaju referendado por 52,8% dos votos válidos. Reeleito em 2004, Déda começou a consolidar a trajetória política para a candidatura ao governo de Sergipe.

Em 2006, deixou a prefeitura de Aracaju para se candidatar ao comando do estado. Eleito em primeiro turno com 52% dos votos, Déda investiu em infraestrutura no interior do estado.

Em entrevista à Agência Brasil, durante a campanha à reeleição, Marcelo Déda disse que o foco de seu governo no segundo mandato – 2010 a 2014 – seria o combate à violência, o aprofundamento das políticas sociais e a continuidade das obras de infraestrutura iniciadas em 2006.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]