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Geddel Vieira Lima:suspeita de atuação a favor de empreiteira investigada na Lava Jato. | TValter Campanato/ Agência Brasil
Geddel Vieira Lima:suspeita de atuação a favor de empreiteira investigada na Lava Jato.| Foto: TValter Campanato/ Agência Brasil

O ex-ministro da Integração Nacional e ex-vice-presidente da Caixa Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) pediu desculpas, no Twitter, pela expressão usada em entrevista ao jornal O Globo para justificar sua atuação a favor da empreiteira OAS quando era diretor do banco. Na edição desta quarta-feira (20), o jornal revelou uma série de mensagens trocadas entre Geddel e o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro, reproduzidas num relatório da Polícia Federal (PF).

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Os torpedos de celular mostram que o ex-ministro atuou para a OAS na Caixa, na Secretaria de Aviação Civil e na Prefeitura de Salvador. Questionado ontem pela reportagem sobre a razão que o levou a intermediar pelos interesses da empreiteira, Geddel respondeu:”É claro que hoje tem o fato de ele ter sido preso. Antes ele era empresário, e eu tinha de tratar com todo mundo, com empresário, com jornalista, com puta, com viado... Era coisa absolutamente natural”.

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O ex-ministro escreveu quatro tuítes nesta quarta, em sua conta pessoal, para se desculpar pela frase. “Fui infeliz no uso de uma expressão em entrevista ao Globo. Peço desculpas a todos”, escreveu. Em novas mensagens, ele chamou de “erro brutal” a referência feita. “Eu acho, que quando se conete [sic] um erro, um grave erro, se assume, paga-se o preço. E qnd esse erro lhe faz mal a alma se pede desculpas. Já pedi sinceras desculpas pela frase infeliz registrada pelo jornalista. Lamento que alguns não aceitem e procurem machucar, mas é a vida”.

Sobre o conteúdo das mensagens trocadas com Pinheiro, Geddel admitiu ser o autor e negou qualquer irregularidade. A reportagem do Globo mostrou a atuação de Geddel na Caixa em prol de financiamentos da OAS. “Amigo, acabou de entrar recurso do capital de giro da CEF na conta. Um abraço, e muito obrigado”, escreveu o empreiteiro ao então vice-presidente da Caixa em setembro de 2012. Em abril de 2013, Geddel tratou da Transolímpica, uma obra para os Jogos Olímpicos no Rio e cujo consórcio é integrado pela Invepar, braço da OAS: “Amigo, aquele assunto da Transolímpica, questão da trava domicílio/notificação da nossa parte tá solucionado. Mandei o pessoal enviar uma minuta e se concessionária der ok, já liberamos os 30 abs”.

Geddel, em 2013, também fez lobby pela OAS junto ao então ministro da Secretaria de Aviação Civil da Presidência, Moreira Franco (PMDB), para que a empreiteira pudesse participar de outras concessões de aeroportos. Ele buscou no mesmo ano o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), para tratar de um empreendimento imobiliário de luxo da OAS em Ondina, região nobre da capital baiana. Em outra via, pediu doações de campanha e até mesmo um emprego para um ex-diretor da Sudene, autarquia subordinada ao Ministério da Integração Nacional.

A seguir, a entrevista de Geddel que levou ao pedido de desculpas:

O senhor atendeu aos pedidos de Léo Pinheiro, com atuação dentro da Caixa quando era vice-presidente de Pessoa Jurídica?

Claro que o atendi. Ele era um grande empresário brasileiro. Eu fazia isso com todos. Quem me procurava era um empresário como qualquer outro. Minhas coisas foram feitas às claras. Eu não estava conversando ou fazendo pedidos a um criminoso, estava conversando com um grande empresário brasileiro, meu amigo. A Polícia Federal não tinha dito que era criminoso, ninguém havia levantando algum tipo de suspeita.

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Empréstimo eu acho que a OAS não fez nenhum conosco. Quando estávamos lançando o setor de exportação, de crédito internacional, eu estava querendo mostrar serviço. Eu fui para São Paulo, eu e meus diretores, batendo na porta de empresários, me apresentando. Estive com Odebrecht, com Friboi, com quem você possa imaginar.

Por que decidiu intermediar os interesses da OAS na questão da concessão de aeroportos?

Havia uma forte disputa interna no governo. Defendi uma tese de que aquele modelo limitava a concorrência. Foi natural atender Léo Pinheiro. Havia outros interesses, como da Odebrecht. Hoje tudo isso vira crime. Ele é um amigo da Bahia, de políticos baianos. Qual o sentido de uma empresa ter ganhado o aeroporto de Cumbica e não poder participar do Galeão? A lógica é de que isso inibia a concorrência. É claro que hoje tem o fato de ele ter sido preso. Antes ele era empresário, e eu tinha de tratar com todo mundo, com empresário, com jornalista, com puta, com viado... Era coisa absolutamente natural.

O senhor é sócio no empreendimento da OAS Costa España?

Cheguei a pensar em comprar um apartamento. Um irmão comprou.

Esteve com o prefeito ACM Neto para tratar do empreendimento?

Não lembro exatamente o que tratei com o prefeito, acho que era uma ciclovia que queriam fazer na frente do Costa España.

Os pedidos de doação à OAS estão associados à atuação do senhor em defesa da empreiteira?

As doações da OAS foram decepcionantes na Bahia. E era mais natural que eu pedisse a ele que a você. Eu não preciso de intermediação. São empresários da Bahia com quem lido há 20 anos.

Quem é a “tia” nas mensagens?

Tia é a presidente da República. É a forma como todo mundo se referia a ela. Esse assunto (de concessões) foi muito debatido no governo. Léo Pinheiro pediu para eu levar um parecer jurídico a Moreira Franco. Defendi poder participar, conversei com o pessoal da Odebrecht também. A Tia era contra. A Gleisi Hoffmann parece que defendia a tese de que deveria liberalizar.

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