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Resolvidos os trâmites burocráticos, o novo líder respondeu às críticas de peemedebistas que chamaram sua volta à liderança de “artificial”. | GUSTAVO LIMA/
Resolvidos os trâmites burocráticos, o novo líder respondeu às críticas de peemedebistas que chamaram sua volta à liderança de “artificial”.| Foto: GUSTAVO LIMA/

O deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), destituído da liderança do partido na semana passada, reassumiu o posto depois de protocolar, na manhã desta quinta-feira (17), uma lista com 36 assinaturas em seu favor em uma bancada composta hoje por 69 parlamentares. Os votos dos deputados Pedro Paulo e Marco Antônio Cabral, exonerados de suas funções na prefeitura do Rio para reassumir as cadeiras na Câmara, foram definitivos para a vitória do grupo de Picciani.

Mas o que era para ser apenas uma formalidade - a checagem das assinaturas da lista pela secretaria-geral da Mesa - acabou se estendendo por parte da manhã de hoje, já que as assinaturas de três deputados que também tinham assinado a lista que colocou Leonardo Quintão (MG) na liderança, Vitor Valim (CE), Jéssica Sales (AC) e Lindomar Garçon (RO), tiveram que vir à Câmara para referendar o apoio à restituição de Picciani.

Deputados criticaram a demora. Um deles foi o vice-líder do governo, o deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE), que acusou o vice-presidente Michel Temer de fazer “tabelinha” com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para cometer “aberrações” na Casa. “Lamento o desserviço que o vice presidente Michel Temer está prestando ao país. O Eduardo Cunha está fazendo tabelinha com o vice presidente e está cometendo todas as aberrações que alguém pode cometer nesta Casa”, criticou.

Resolvidos os trâmites burocráticos, o novo líder respondeu às críticas de peemedebistas que chamaram sua volta à liderança de “artificial”. Ele disse que teve apoio de parlamentares que inicialmente referendaram a eleição de Quintão. Sete parlamentares que tinham assinado a lista de Quintão agora resolveram apoiar Picciani. “Quando fui substituído, de imediato reconheci o posição da maioria. A posição mais adequada seria fazerem o mesmo, até porque tive assinaturas de pessoas que estavam no posicionamento anterior. Foi o outro lado que perdeu apoio”, disse.

Em seguida, Picciani foi ao plenário da Câmara, onde ocorre sessão do Congresso, para anunciar sua volta ao posto. “Retomo as minhas funções na Câmara dos Deputados e com compromisso que a bancada do PMDB não mais adotará um expediente constrangedor de troca de líder”.

‘UM LÍDER A CADA MEIA HORA’

Apesar de ter voltado ao posto, parlamentares críticos a Picciani dentro do PMDB já articulam para que ele deixe a liderança ainda antes do recesso. O retorno de Picciani à liderança do partido periga durar apenas até a próxima terça-feira (22). É o que garantiu o presidente da Câmara a vários parlamentares aliados que estiveram com ele em seu gabinete.

Com a lista de apoiadores de Picciani, Cunha fez suas contas e disse que irá reverter a situação. Ou seja, assegurou que irá retirar apoios do rival e devolver a liderança a Leonardo Quintão. Às vésperas do início do recesso parlamentar, a guerra entre as duas alas do partido pode gerar diversas listas de apoio, num “entra e sai” de líderes interminável. O recesso não impede que se troque o líder de um partido, informou a secretaria geral da Mesa. Sílvio Avelino, secretário geral, explicou que, na prática, pode-se eleger “um líder a cada meia hora”.

Antes da confusão, Picciani defendeu a união no partido e disse que não há sentimento interno de “revanchismo” ou “disputa”. “Hoje a gente deu um passo importante afundar esse processo que é o uso de listas. O momento agora é de união, de se buscar unidade no partido. Não há qualquer sentimento de revanchismo ou disputa (dentro da bancada)”, afirmou Picciani.

O líder disse que a divisão na bancada é fruto da tensão que o país vive hoje. Ele defendeu, no entanto, que todos “recolham suas armas” para o bem do país. Picciani afirmou que continuará dialogando com a presidente Dilma Rousseff (PT). “(A situação da bancada) É fruto do momento tenso que o país vive, mas precisamos que todos recolham suas armas e trabalhem pelo país. Continuarei dialogando com a presidente Dilma, a maioria da bancada preza por esse diálogo”.

FALSA POLÊMICA

O peemedebista comentou também a polêmica com Temer, a quem Picciani dirigiu declarações duras quando foi retirado do posto de líder. Ele disse, no entanto, que foi envolvido em uma “falsa polêmica” e fez elogios ao vice, também presidente do partido, afirmando que a relação entre os dois ficará “absolutamente positiva”:

“Fui envolvido numa falsa polêmica, tenho grande apreço por ele, é a maior liderança do nosso partido e buscarei o diálogo com ele e com toda a bancada”.

Picciani negou que não teria conseguido reassumir a liderança sem a ajuda de deputados que estavam afastados do Congresso, como os deputados Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, e Pedro Paulo - pré-candidato à prefeitura do Rio em 2016 -, ambos do Rio e contrários ao impeachment da presidente Dilma. Os dois reassumiram às pressas as cadeiras federais para ajudar o líder a retomar seu posto. “Eu teria apoio ainda que não fosse isso (a volta desses parlamentares). Os deputados do Rio que reassumiram, retornaram para defender a posição da bancada”, disse.

Mais cedo, logo que protocolou a nova lista, o líder disse que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem razão em suas críticas ao posicionamento da Executiva do PMDB quanto a novas filiações, tanto que votou contra a decisão como membro do colegiado. Picciani foi saudado no plenário da Câmara como líder logo depois de entregar a lista com os apoios neste sentido.

Ele disse que não iria comentar os ataques diretos entre Renan e Temer, mas afirmou que o partido precisa conversar internamente. “Não vou entrar na questão das críticas entre o presidente do Senado e o presidente do partido. Mas concordo com o presidente Renan quanto à Executiva, tanto que votei contra”, disse Picciani.

Nesta quarta-feira (18), a executiva nacional do PMDB aprovou resolução proibindo filiações automáticas de políticos com mandato. A decisão, na prática, impede o ingresso ao partido de deputados federais que desejavam se transferir para ajudar na recondução de Leonardo Picciani (RJ) à liderança da bancada. A presidente Dilma Rousseff estava atuando intensamente no troca-troca partidário. Picciani é da ala governista do PMDB

A medida foi duramente criticada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, que viu digitais do vice-presidente Michel Temer na crise interna do partido.

IMPEACHMENT

Sobre impeachment, Picciani voltou a afirmar que sua posição é contrária ao impedimento de Dilma, mas que vai dialogar com a bancada do PMDB. O peemedebista é um dos mais próximos aliados do governo na legenda. “O tema causa divisões, eu pessoalmente tenho uma posição definida, mas buscaremos (consenso) pelo diálogo e pela conversa, não há imposição”.

Mais cedo, o deputado Lúcio Vieira Lima, um dos articuladores da destituição de Picciani, criticou o movimento. “É uma liderança artificial, porque precisou trazer gente de fora para conseguir voltar ao cargo. Mas, com o recesso, o papel do líder agora vai ser nenhum”, disse.

Para o deputado Carlos Marun, é um movimento legítimo de Picciani, mas o parlamentar considerou “estranha” a mudança de votos de alguns correligionários. “É um direito dele ter feito esses esforços que fez, quem deve explicações é quem mudou de opinião. Entendo essa mudança de opinião em tempo tão rápido como no mínimo estranha”, criticou o peemedebista.

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