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O delegado Eduardo Freitas, titular da 22ª DP (Penha), concluiu nesta quarta-feira o inquérito que investigou as seis mortes no estacionamento do Penha Shopping durante o temporal que atingiu a Região Metropolitana do Rio no dia 27 de janeiro. O arquiteto do shopping, Fernando José Paulino Frascari da Silva, de 40 anos, foi indiciado por homicídio culposo.

De acordo com o delegado, Fernando admitiu, em depoimento à polícia, que não fez qualquer cálculo estrutural para a instalação do dispositivo que funcionava como comporta para evitar que a água da chuva invadisse o estacionamento.

- Há um nexo de causalidade entre a comporta que arrebentou e as mortes: se o dispositivo não tivesse sido instalado, a água da chuva ia encher o estacionamento aos poucos, dando tempo de as pessoas escaparem. Com o rompimento da comporta, o estacionamento ficou completamente cheio d'água em menos de dois minutos, o que impossibilitou que as seis pessoas que acabaram morrendo pudessem sair - explicou o delegado.

No início do mês, a prefeitura divulgou um relatório em que afirmava não ter culpa pela tragédia. Segundo o documento, o shopping estava com todas as licenças em dia. Antes mesmo de a prefeitura concluir o exame do processo de construção do shoppping, o prefeito Cesar Maia já havia culpado o estabelecimento, dizendo que funcionários decidiram fechar as portas de aço para evitar o alagamento na garagem, o que represou a água.

O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) havia dito que o estacionamento era irregular. O assessor técnico do Crea, Canagé Vilhena, esteve no shopping e disse que a garagem subterrânea contraria a legislação federal e estadual por estar a menos de 30 metros de um rio.

Vítmas

Mariângela da Silva Araújo, de 34 anos, era apontadora de jogo do bicho e trabalhava ao lado do shopping. Ela guardava seu material dentro do estacionamento subterrâneo do shopping. A mulher tinha perdido o pai há dois meses de câncer e vivia com a mãe e o tio, Sebastião Alves da Silva, de 55 anos, que estava com ela no momento em que a água rompeu a porta do estacionamento do shopping.

Arnaldo Marcolino, de 49 anos, era operador de máquinas, tinha duas filhas do primeiro casamento e morava em Coelho Neto. Segundo familiares, Marcolino costumava caminhar pela Penha, pois era um bairro de que gostava muito.

Amiga de Arnaldo, a aposentada Maria Célia Lopes, de 62 anos, também foi vítima do temporal. Todos os dias ela saía de casa no fim da tarde para comer churrasquinho em frente ao Penha Shopping, próximo ao seu apartamento, onde morava sozinha, na Rua Brás de Pina. A rotina foi mantida na última sexta-feira, minutos antes do temporal. A aposentada correu para se proteger quando viu a correnteza que se formava na rua, mas não conseguiu se salvar.

Maria Ivonete Miguel de Souza, de 51 anos, era camelô e vendia doces perto do shopping.

Luiz dos Santos Souza, de 45 anos, era pintor de placas e cartazes. Trabalhava na calçada do Penha Shopping e guardava o material na garagem.

Cláudio Henrique Chaves Mourão tinha 37 anos. Ele estava prestes a completar um mês como cobrador do estacionamento, após um ano e meio desempregado, e se preocupou em ficar no local devido a R$ 87 que estavam guardados no caixa. Era casado e tinha seis filhos.

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