A ascensão do auditor fiscal Márcio de Albuquerque Lima a inspetor geral de fiscalização da Receita Estadual, em junho do ano passado, fortaleceu o que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) chama de “organização criminosa” formada por auditores, contadores e empresários de Londrina. Os auditores são acusados de cobrar propina para favorecer a sonegação fiscal.
Lima, que é companheiro do governador Beto Richa (PSDB) em provas de automobilismo, como a tradicional 500 milhas de Londrina, teve a prisão preventiva decretada e está foragido desde o dia 20 de março. Ele deixou oficialmente o cargo de inspetor geral no dia 2 daquele mês, três dias antes de o Gaeco cumprir um mandado de busca e apreensão em seu escritório, em Curitiba.
De acordo com os investigadores, a ascensão de Lima tornou o grupo mais “audacioso”, a ponto de tentar subornar um policial militar que trabalha no Gaeco, com o objetivo de criar uma “blindagem” para evitar que o esquema fosse investigado.
Conforme as investigações, o policial civil André Luís Santelli, irmão de um funcionário da Receita Estadual em Londrina, ofereceu de R$ 500 a R$ 1 mil para que o policial vazasse informações sobre as investigações em andamento. Segundo o Gaeco, a ascensão profissional de Lima, primeiro a delegado-chefe de Londrina e depois a inspetor geral de fiscalização, tem relação direta com a “intensificação dos esquemas de corrupção”.
Lastro político
Na denúncia apresentada, o Gaeco afirma que o grupo de auditores fiscais “certamente contou com a proteção administrativa e/ou política” e que isso “contribuiu determinantemente para a tranquilidade dos inúmeros e audaciosos crimes praticados pelo grupo de auditores fiscais”. Esse “lastro”, além de garantir a ascensão funcional de Lima, permitiu que o grupo tivesse “tranquilidade” para cometer as irregularidades de forma “audaciosa”.
O advogado Douglas Maranhão, que defende Lima, tem dito à imprensa que só vai se manifestar sobre o caso depois de ter acesso à denúncia apresentada pelo MP. A 3.ª Vara Criminal ainda não se manifestou sobre a denúncia. O advogado de Santelli não foi localizado.



