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Para evitar a sobrecarga nos aeroportos - o que vem acontecendo desde a última sexta-feira com atrasos de até cinco horas e cancelamentos de vôos -, o país precisa contratar entre 400 e 500 novos controladores de vôo, segundo o presidente da Associação dos Controladores de Vôo do Rio de Janeiro, Jorge Nunes Oliveira. Segundo ele, somente no Rio o déficit gira em torno de 15 a 20 controladores. Trabalham nos aeroportos do estado entre 60 e 70 controladores, divididos em cinco equipes. A categoria reúne em todo o país 500 operadores civis e 2.200 militares. Pela manhã, autoridades aeronáuticas se reuniram em Brasília com o ministro Waldir Pires para tentar solucionar o caos nos aeroportos de todo o país.

- Há 20 anos não é realizado concurso para contratação de controladores no país - disse.

Outro problema apontado por Oliveira é a falta de regulamentação da profissão, que ocasiona problemas como um salário inicial muito baixo, em torno de R$ 1.200 a R$ 1.300. Segundo ele, por causa do baixo salário, a maioria dos controladores faz bicos para complementar a renda, atuando como motoristas de táxi e de ônibus e fazendo segurança.

Apesar disso, Oliveira insiste que o problema maior não é o salário, e que a categoria está preocupada com a segurança dos vôos devido à falta de pessoal. Segundo ele, a solução emergencial de remanejar controladores do Rio e de São Paulo para Brasília ainda vai demorar de uma a duas semanas porque eles precisam ser treinados para atuar na nova região.

Para Oliveira, convocar aposentados para atuar no controle de vôos é uma proposta absurda porque eles precisam de treinamento como qualquer controlador iniciante. Para ele, a proposta do governo de redirecionar rotas é muito complexa e não se consegue fazer de uma hora para outra. Oliveira prevê também que haverá uma reação das empresas aéreas porque o redirecionamento deverá aumentar o consumo de querosene de aviação, que tem um peso entre 60% e 70% no custo do vôo.

O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção aos Vôos, Jorge Botelho, negou nesta quarta-feira que a categoria esteja fazendo uma operação-padrão, o que estaria provocando engarrafamentos de aviões nos aeroportos. Ele disse que os controladores estão trabalhando dentro das possibilidades e que o acidente com o Boeing 737-800 da Gol foi traumático para todos. Segundo Botelho, o número de controladores, que já era pequeno, ficou ainda menor com o afastamento de oito operadores que trabalhavam no dia do acidente.

Botelho alertou que nos últimos dois anos o tráfego aéreo aumentou muito no país, e disse que os controladores de outros estados que estão sendo convocados para trabalhar em Brasília terão, necessariamente, que passar por um treinamento de 60 a 90 horas.

- É um cobertor curto - disse Botelho, ao criticar a medida.

O presidente da Associação dos Controladores de Vôo do Aeroporto de Guarulhos (SP), Sérgio Silva, disse que, antes do acidente com o avião da Gol, quando havia um maior número de controladores, o intervalo entre as decolagens no aeroporto de São Paulo, por exemplo, era de cinco minutos. Agora, o intervalo subiu para 15 minutos.

- Houve uma sobrecarga de trabalho. Com o afastamento dos oito controladores, você fecha o setor operacional, mas não reduz o número de vôos - disse.

Os três presidentes das associações estiveram reunidos com o ministro da Defesa, Waldir Pires, para falar das dificuldades que a categoria vem enfrentando. Segundo eles, o ministro mostrou-se sensibilizado e empenhado em encontrar uma solução para a crise.

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